Terça-feira, Janeiro 14, 2025
Ambiente

Loulé participou na 4.ª reunião internacional do projeto europeu sudoe-remas

Foi debatida a gestão do risco de emissões de gases com efeito de estufa em incêndios florestais

Teve lugar nos dias 4 e 11 de março mais uma reunião internacional do projeto europeu SUDOE-REMAS/INTERREG, do qual o Município de Loulé é um dos parceiros. Tal como acontece atualmente com a maior parte dos eventos, a pandemia obrigou à realização através das plataformas digitais (Zoom) e foi online que os envolvidos debateram as questões ligadas à gestão do risco de emissões de gases com efeito deestufa em incêndios florestais e o caminho que está a ser percorrido para integrar esta matéria nas políticas municipais de adaptação às alterações climáticas.

As áreas-piloto do projeto englobam uma parcela na Serra do Caldeirão, mas também a região da Aquitânia, em França, e Chequilla (Guadalajara) e Chelva-Andilla (Valência), em Espanha. E é a partir da experiência nestas quatro zonas que se pretende promover a prevenção, a gestão e a elaboração de um plano de ação contra o risco de emissões de gases com efeito de estufa provenientes de grandes stocks de carbono armazenados na vegetação e solos, devido a incêndios florestais em ecossistemas florestais vulneráveis do Sudoeste Europeu.

A Serra do Caldeirão tem sido, na região algarvia, uma das áreas mais fustigadas pelos fogos florestais ao longo dos anos, com destaque para o incêndio que consumiu parte desta zona florestal em 2004, daí ser este um importante território para a avaliação de dados que possam levar a ações concretas.

A equipa técnica do Município responsável pelo acompanhamento do projeto, liderada pelo Gabinete Técnico Florestal do Serviço Municipal de Proteção Civil, trouxe a este encontro uma apresentação sobre as linhas orientadoras para a criação de um grupo de trabalho que tenha como missão iniciar um processo contínuo de elaboração de estratégias regionais de prevenção e gestão dos riscos de emissão de gases com efeito de estufa, aumentando a capacidade de municípios e outras entidades, públicas ou privadas, de incorporar a gestão de risco nas suas políticas de atuação em defesa da floresta e na adaptação às mudanças climáticas. 

Os objetivos deste grupo passam pela troca de conhecimento ao nível da gestão local entre as autoridades regionais, instituições ligadas ao ensino, empresas e associações, a disseminação das práticas incluídas nesta estratégia e a sua integração a sensibilização da comunidade local para as matérias ligadas ao risco de emissões fruto dos incêndios florestais.

Os ecossistemas florestais são os maiores sumidouros de carbono terrestres geríveis com a capacidade de mitigar as alterações climáticas.  Quando um incêndio florestal começa, a combustão liberta gases com efeito de estufa que contribuem para o aquecimento global e, consequentemente, para as alterações climáticas. 

Há estudos que estimam o carbono contido na vegetação e no solo, assim como as emissões de CO2 de um incêndio. No entanto, atualmente, o risco de estas emissões poderem ser produzidas pelo fogo ainda é pouco conhecido ou quantificado e, portanto, não está incluído nos planos de prevenção e gestão de incêndios, nem é determinado quais as áreas críticas para apresentar um risco mais elevado de emissões, que podem ser utilizadas para concentrar os esforços de prevenção, gestão, extinção e restauração dos reservatórios de carbono. É pois este o grande objetivo do projecto europeu REMAS “Gestão do risco de emissões de gases com efeito de estufa em incêndios florestais (2019-2022)”, cofinanciado pelo Programa Interreg Sudoe através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

Este trabalho está a ser realizado em cooperação transnacional, na qual participam diferentes entidades do Sudoeste da Europa. O projeto, aprovado em junho de 2019, é liderado pela Associação de Municípios Florestais da Comunidade Valenciana (AMUFOR) tem parceiros de prestígio como a Universidade Politécnica de Valência, a Universidade de Valência, o Conselho Provincial de Valência, o Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Agrária e Alimentar, a Câmara Municipal de Loulé , o Instituto Superior de Agronomia, a Escola Nacional Superior de Ciências Agrónomas de Bordéus. 

“A adaptação às alterações climáticas tem sido uma das linhas prioritárias para este executivo. Em conformidade com este projeto europeu, continuamos a trabalhar para assegurar que este risco seja considerado nos planos de prevenção e gestão, que o papel vital da vegetação e do solo na mitigação e minimização das emissões de carbono nos incêndios florestais seja reconhecido. ”, sublinha o autarca de Loulé, Vítor Aleixo.

Refira-se que Loulé será anfitrião da próxima reunião do REMAS que terá lugar no final do mês de setembro, em formato presencial caso as condições do evoluir da pandemia assim o permitam.