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Portugal é o 3º país com vendas de automóveis com menores emissões

A ZERO divulga as conclusões de um estudo da Federação Europeia deTransportes e Ambiente (T&E)*, da qual faz parte, que revela, à luz da atual regulamentação e dos dados que já são conhecidos, a perspetivapara as emissões de novos veículos ligeiros de passageiros vendidos na Europa em 2020 e 2021. Os veículos ligeiros de passageiros em Portugal são responsáveis por cerca de 15% das emissões totais de dióxido de carbono (CO2), cabendo à mobilidade elétrica o papel fulcral na sua descarbonização.

Em Janeiro de 2020 entraram em vigor novas regras europeias que impõem aos automóveis novos vendidos na UE um limite nas emissões de 95 gCO2/km. Estas regras aplicam-se em 2020 a 95% dos automóveis vendidos (os 95% com menos emissões) e em 2021 a todos. Este nível de emissões corresponde a um consumo de cerca de 4,1 l/100 km num carro a gasolina e a 3,6 l/100 km num a gasóleo. O limite é imposto aos fabricantes, que têm de o cumprir no conjunto das vendas nos Estados Membro, sob pena de pagarem multas pela parte excedida.

Existem contudo vários mecanismos de flexibilização que permitemaos fabricantes exceder as imposições sem incorrerem em multa: o da aplicação diferenciada do limite a cada fabricante conforme o peso dos seus automóveis, permitindo que os mais pesados emitam mais; o das eco-inovações, com intuito de encorajar o desenvolvimento de soluções tecnológicas que levem a uma redução do consumo não prevista nos testes de homologação; o dos super-créditos, um incentivo dado aos fabricantes que coloquem no mercado automóveis com emissões inferiores a 50 gCO2/km (estes veículos para efeito de apuramento da média da frota contam a dobrar em 2020, 1,67 vezes em 2021 e 1,33 vezes em 2022); associação de fabricantes (por exemplo, Fiat-Chrysler (FCA) e Tesla); derrogações e isenções a fabricantes pequenos.

Queda nas emissões dos automóveis vendidos na Europa

Na sequência da entrada em vigor do novo regulamento europeu, asvendas na Europa de carros elétricos, entendidos como carros 100% elétricos e híbridos plug-in, dispararam, atingindo 8% de quota de mercado no primeiro semestre de 2020, mais do triplo do verificado no mesmo período de 2019. Nalguns países, como França e Alemanha, em que a partir do Verão ficaram disponíveis incentivos pós-covid à compra destes veículos, as vendas ultrapassam presentemente os 10%.Por este motivo, as emissões médias de CO2 dos automóveis novos vendidos na Europa baixou significativamente, de 122 gCO2/km em 2019 para 111 gCO2/km na primeira metade de 2020, a maior descida desde que estes regulamentos foram criados em 2008.

Tendo em conta as estratégias das marcas, é previsível que em 2020 cerca de metade da redução dos 122 para 95 gCO2/km venha a ser cumprida através dos mecanismos de flexibilização, nomeadamente os super-créditos e as eco-inovações. Apesar da grande subida nas vendas de automóveis elétricos, em 2020 apenas cerca de 30% da redução será conseguida por esta via, e em 2021 50%. A quota de carros elétricos nas vendas totais deverá atingir no final do ano 10% em toda Europa, ou seja, mesmo num cenário de crise covid-19, é expectável que sejam vendidos em 2020 cerca de um milhão de automóveis elétricos na Europa, cerca do dobro do verificado em 2019, e em 2021 cerca de 1,8 milhões.

Quanto a fabricantes, os da PSA (marcas Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall), Volvo, FCA-Tesla (Fiat Chrysler Automobiles e Tesla) e BMW já no primeiro semestre de 2020 cumpriram o regulamento, e a Renault, Nissan, Toyota-Mazda e Ford estão a 2 gCO2/km de cumprir. Os fabricantes com valores mais distantes da norma são a Daimler, a 9 gCO2/km de cumprir, e a Jaguar-Land Rover, a 13 gCO2/km. O grupo Volkswagen, expectante das vendas do seu novo modelo ID.3, está no meio, distando 6 gCO2/km do cumprimento legal, bem como a Hyundai-Kia. No caso da Renault, o seu modelo Zoe sozinho permitirá à marca baixar 15 gCO2/km, e os modelos do grupo Volkswagen baseados na nova plataforma elétrica MEB poderão fazer baixar as emissões da construtora 6 gCO2/km em 2020 e 11 gCO2/km em 2021, o que corresponde a significativas partes, até 40%, das reduções a que estas marcas estão obrigadas. Por outro lado, a Toyota-Mazda atingirá o objetivo de 2020 quase exclusivamente graças à hibridização dos seus modelos convencionais, ao passo que o grupo FCA o conseguirá graças à sua aliança com a Tesla.

ZERO considera que Portugal poderia ocupar uma melhor posição nas vendas de veículos elétricos se houvesse maisinfraestruturas de carregamento

As metas de CO₂ são aplicadas a nível europeu, o que significa que as emissões de CO₂ e o mix de vendas por país podem variar de um país para outro. Na maioria dos países, o desempenho de CO₂ das vendas de automóveis de passageiros durante o primeiro semestre de 2020 está entre 100  gCO2/km e 120  gCO2/km. Alguns países podem ser encontrados fora desta faixa: em primeiro lugar, a Noruega cujas emissões de CO₂ de 47  gCO2/km são cerca de metade do segundo e terceiro melhor classificados – França e Portugal, com emissões de 98 e 99 gCO₂/km, respetivamente.

Países com tributação favorável e boa implantação de infraestrutura de carregamento tiveram vendas de veículos elétricos (VE) mais altas nos últimos anos. O melhor exemplo é a Noruega, que é um líder mundial em penetração de mercado de VE, onde estas vendasalcançaram dois terços do total de carros vendidos durante a primeira metade do ano (48% totalmente elétricos e 20% de elétricos plug-in). Os dois países a seguir também são nórdicos: Suécia com 26% e Finlândia com 15%. Em seguida, vem a Holanda, que é a líder da União Europeia nas vendas de veículos 100% elétricos (13% de vendas de VE, sendo 9% totalmente elétricos) e Portugal com 11% (6% totalmente elétricos e 6% híbridos plug-in). A ZERO considera que a oferta limitada de postos de carregamento tem condicionado negativamente a compra de veículos totalmente elétricos por parte dos condutores, sendo de momento um obstáculo importante ao aumento desejado de vendas destes automóveis.

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