Cultura

“Livros abertos” com Ondjaki na biblioteca de Loulé

Na próxima quarta-feira, 26 de março, pelas 21h00, a Biblioteca Sophia de Mello Breyner Municipal Andresen, em Loulé, recebe mais uma sessão de “Livros Abertos”, no âmbito das leituras efetuadas pelo Clube de Leitura de Loulé. Neste momento será apresentada a obra do escritor angolano Ondjaki, “O Livro do deslembramento”. A apresentação está a cargo de Sandra Boto.

«Tal como em outras obras de Ondjaki, a ação de “O Livro do Deslembramento” localiza-se em Luanda, no período em que, após os acordos de Bicesse, a guerra civil parou, e houve eleições em Angola pela primeira vez. Mas em pouco tempo reacende-se a guerra civil. Como diz o narrador, “aquela guerra que nunca ninguém nos apresentou ou explicou, a guerra que sempre tinha ‘andado lá longe’ sem nos ameaçar assim nas ruas da nossa cidade, no nosso mar, nas nossas praias, nas nossas famílias”. É essa Luanda que nos é aqui apresentada pelos olhos de uma criança. Essa Luanda em que “uma pessoa não sabe passar um dia só sem inventar uma estória”. 

E as histórias seguem-se, numa estudada circularidade, até à última página. Mas aqui chegados tudo muda. Aquele mundo, vivido como uma história de encantar, tem debaixo de si um vulcão prestes a explodir. “O Livro do Deslembramento” é certamente uma das mais belas obras de autoficção da literatura em língua portuguesa. E Ondjaki, neste ano de 2020 em que passam precisamente vinte anos sobre a publicação do seu primeiro livro, dá-nos agora um dos seus melhores romances.» (Editorial Caminho)

A apresentação da obra ficará a cargo de Sandra Boto, Investigadora Auxiliar Convidada da Cátedra High Performance Computing da Universidade de Évora e moderadora do Clube de Leitura de Loulé.

No âmbito do projeto Clube de Leitura, pretende-se promover o encontro com o escritor e a possibilidade de reflexão conjunta sobre o livro.

Ondjaki nasceu em Luanda, em 1977. Prosador. Às vezes poeta. É membro da União dos Escritores Angolanos. Está traduzido em francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio, swahili e polaco. 

Foi distinguido com os seguintes prémios: Prémio Literário Sagrada Esperança 2004 (Angola) e Prémio Literário António Paulouro 2004; Grande Prémio de Conto «Camilo Castelo Branco» C. M. de Vila Nova de Famalicão/APE 2007, com “Os da Minha Rua”; o Grinzane for Africa Prize – Young Writer 2008 (pelo conjunto da obra); Prémio FNLIJ (Brasil 2010, 2013 e 2014); Prémio JABUTI (Brasil 2010), na categoria Juvenil, com “AvóDezanove e o segredo do soviético” (romance); e o Prémio Bissaya Barreto de Literatura para a Infância, 2012, com “A Bicicleta que tinha Bigodes”. Em 2013, com “Os Transparentes”, ganhou o Prémio José Saramago.

Venceu ainda o prémio Literário Vergílio Ferreira 2023 da Universidade de Évora. O júri, que decidiu a atribuição por unanimidade, destacou “o contributo que Ondjaki faz para que a língua portuguesa seja língua de reconciliação e mesmo de consciência crítica para todos os falantes de português”.