Cultura

Nova técnica arqueológica revela a idade da pedra arábica Centro de Arqueologia da Universidade do Algarve

A equipa internacional de cientistas, liderada por Jeff Rose do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve, desenvolveu um sistema para datação relativa de ferramentas de pedra encontradas à superfície, oferecendo informações cruciais sobre a pré-história humana onde os métodos tradicionais de datação não estão disponíveis. 

O estudo foca-se numa série de sítios pré-históricos notavelmente bem preservados no sul de Omã (Península Arábica), revelando uma linha temporal de ocupação humana que abrange mais de 200 mil anos. Como houve pouca perturbação ou sedimentação na paisagem árida ao longo dos anos, os investigadores conseguem encontrar ferramentas de pedra exatamente onde foram deixadas há centenas de milhares de anos.

“Estes sítios oferecem uma janela inigualável para o passado”, afirma Jeff Rose. “Visitados repetidamente pelos primeiros humanos fabricantes de ferramentas ao longo de centenas de milénios, ainda exibem padrões claros de descarte de artefactos, permitindo-nos rastrear mudanças no comportamento humano ao longo do tempo”, conclui.

A abordagem inovadora da equipa examina como os artefactos são afetados pelo tempo e condições atmosféricas. Combinando isso com a distribuição espacial, é possível mapear a sequência das ocupações, distinguindo diferentes períodos de ocupação separados por milhares de anos no mesmo local – um potencial avanço para a arqueologia em regiões áridas em todo o mundo, onde os sítios tendem a ser encontrados à superfície e não podem ser datados.

Já Metin Eren, um dos coautores do estudo, acrescenta: “É entusiasmante termos sucesso nesta primeira etapa, mas ainda há muito trabalho a fazer para desenvolver e aperfeiçoar o sistema de registo, isto é apenas o início.”

A investigação destaca também o papel fundamental de Omã na pré-história humana. A evidência de ocupação humana contínua em certos períodos sugere que o local poderia ter servido de refúgio em tempos de stress climático. De acordo com Alan Cooper, um cientista evolucionista não associado ao estudo, “a região parece ter sido mais do que apenas uma ponte entre continentes; foi potencialmente um ponto estratégico para os primeiros humanos a migrar para fora de África.”