Ameixial inaugurou novo polo de atração de empresas
A pacata freguesia do Ameixial, a mais distante da sede do concelho de Loulé de entre as suas nove freguesias, recebe um Espaço de Incubação e Acolhimento de Atividades Económicas do Ameixial, mais um elemento que pretende reverter a tendência de desertificação do interior observado ao longo das últimas décadas. O novo espaço resulta do processo de requalificação da antiga Fábrica da Cortiça, e conta já com duas empresas em fase de instalação.
Localizada a cerca de 1km do centro da aldeia, a infraestrutura integra seis armazéns com cerca de 125 m2,, estando quatro deles já ocupados pelas empresas “Meus Móveis, Lda.”, do ramo da carpintaria, e “DNAS, Sociedade Apícola”, ligada ao setor da Apicultura, ambas selecionadas após candidatura. Estão também disponíveis escritórios de incubação e coworking. O espaço encontra-se equipado tecnologicamente, contando com pontos de carregamento para veículos elétricos e painéis fotovoltaicos.
Este investimento do Município de Loulé de cerca de 1,3 milhões de euros, para o seu autarca, Vítor Aleixo, poderá alavancar a dinâmica local. “O interior tem os problemas que todos conhecemos e que se enfrentam com investimentos desta natureza. O facto de poder haver aqui atividade económica é extremamente importante. Desejamos que possam contribuir com a vossa atividade para que estes territórios possam dar sinais de vida, trazer economia, trazer jovens, o potencial é enorme!”, reiterou.
Um dos atrativos do equipamento é o facto de, no primeiro ano, as empresas estarem isentas do pagamento de aluguer, sendo que nos anos subsequentes o valor é relativamente baixo.
Para os dois armazéns ainda vagos podem candidatar-se promotores que apresentem projetos adequados ao desenvolvimento económico do interior do concelho de Loulé, sejam entidades privadas do setor empresarial ou cooperativo, ou pessoas singulares, que tenham uma ideia de negócio e que a pretendam concretizar.
Esta nova infraestrutura pretende valorizar os recursos do território, atrair inovação na utilização de tecnologias e de procedimentos, criar emprego direto e indireto, bem como fixar novos residentes no interior do concelho.
A jovem empresária Isa Lourenço destaca as “ótimas condições e os bons preços do espaço”, sobretudo para quem está a iniciar o negócio, como é o caso da “Meus Móveis”, da qual é uma das representantes. Esta empresa é constituída também pelo sócio-gerente, Tiago Custódio, com experiência na área da carpintaria há mais de 15 anos. Pretende agora focar-se em alguns produtos, particularmente nas cozinhas, roupeiros e portas e móveis por medida. Estes dois armazéns passarão a ser o local de montagem dos produtos.
Este espaço constitui uma mais-valia para estes empresários naturais do Ameixial e que residem nesta freguesia, e um contributo para “estabelecer alguns postos de trabalho, mais famílias e desenvolver o comércio local”. Pretendem alcançar clientes em todo o Algarve e Baixo Alentejo e “quem sabe, no futuro, ir mais para cima, até ao Norte”.
Já Aurélio Cavaco é um dos sócios da empresa ligada à Apicultura, “DNAS”, com 20 anos no mercado, mas “que pretende progredir”. A polinização de amendoais no Alentejo ou pomares de regadio de abacates e estufas de frutos vermelhos é uma das apostas, mas há uma outra vertente deste negócio vocacionada para os produtos da Serra, como o mel e o pólen, este último “com uma procura crescente no mercado”.
O espaço onde funcionava até agora em Loulé é transferido para o Ameixial, “com todas as condições”, beneficiando também das colmeias existentes em zonas como os Cavalos ou os Vermelhos.
O objetivo desta empresa apícola passa por “ser uma referência em todo o país” e vender o produto a grandes superfícies. “Se isto avançar como queremos, no mínimo temos que ter pelo menos quatro a cinco pessoas a trabalhar aqui”, garante o empresário.
Esta incubadora será certamente um contributo para fixar pessoas, em particular jovens, no interior, mas a Câmara Municipal de Loulé está a desenvolver outras iniciativas para contrariar a tendência de desertificação demográfica. É o caso da criação de habitação pública: no âmbito da sua Estratégia Local de Habitação, já foram reabilitados dois fogos para arrendamento acessível, estando em fase de obra mais quatro fogos habitacionais na aldeia.