Lince ibérico baixa categoria de “ameaçado” para “vulnerável”
A ANP|WWF comemora o facto de o lince-ibérico (Lynx pardinus) ter pasado de “em perigo” para “vulnerável” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), um sucesso de conservação global que a organização celebra como um marco histórico do resultado de um trabalho de mais de duas décadas por mais de 20 organizações, entre as quais a própria WWF.
Os mais recentes censos publicados pelo Grupo de Trabalho do Lince-Ibérico – que coordena este tema no âmbito do Ministério para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico espanhol (MITECO) e é composto por representantes das comunidades autónomas Espanholas e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) de Portugal – concluíram que a espécie superou a barreira dos 2000 exemplares, constituindo um novo número máximo desde que se realiza um seguimento pormenorizado e articulado das suas populações, registando-se assim um crescimento populacional de 21% em relação aos dados do último censo de 2022.
Esta é a primeira espécie a eliminar duas categorias de ameaça da lista da IUCN em apenas 21 anos, uma notícia que mostra que o trabalho conjunto realizado por dezenas de organizações está a dar frutos e aproxima esta espécie dos objetivos de atingir 750 fêmeas e os 3000-3500 exemplares, de modo a que se possa considerar o lince recuperado.
Vasco da Silva, Coordenador de Florestas e Biodiversidade da ANP|WWF, considera que “esta é uma excelente notícia para todas as pessoas e organizações que têm feito parte deste sucesso mundial de conservação. Na ANP|WWF estamos orgulhosos de ter apoiado o lince-ibérico em cooperação com a WWF Espanha, quando restavam menos de 100 exemplares na Península Ibérica, e de demonstrar que com trabalho conjunto, multidisciplicar, interpares e intergovernamental, aliado à coragem e vontade política, é possível recuperar espécies ameaçadas”.
Para além da reprodução em cativeiro, os esforços de conservação deste felino emblemático têm-se centrado no aumento da abundância da sua presa, o coelho-bravo, que está atualmente com estatuto vulnerável devido a uma redução de 70% da sua população. Por outro lado, uma vez que o lince-ibérico ainda está exposto a uma série de ameaças causadas por factores humanos, como a caça furtiva, têm sido também desenvolvidas acões de prevenção deste tipo de crimes e tomadas medidas para prevenir atropelamentos em estradas que atravessam os seus territórios. Também a recuperação do montado através de soluções baseadas na Natureza, com melhoria do coberto vegetal, criando um mosaico de floresta, matos e áreas abertas de pastagens, tem sido fundamental para garantir habitat para o lince – e é uma das grandes apostas da ANP|WWF em Portugal ao longo dos últimos anos.
“No entanto, sabemos que estamos a meio caminho e continuaremos a trabalhar para garantir a sua recuperação definitiva: temos de nos concentrar no restauro da natureza, no aumento da disponibilidade de alimento, acabar com a caça ilegal e expandir e conectar territórios e populações para garantir que a espécie continua em clara recuperação”, conclui Vasco da Silva.