Cultura

“the prison photo project” mostra as prisões por dentro em exposição e conferência no Museu de Portimão

Portimão assinala os 50 anos do 25 de Abril de 1974 com um dinâmico e abrangente programa de atividades ligado às artes, ao associativismo e à cidadania ativa, celebrando com a dignidade e amplitude devidas esta data maior da democracia portuguesa.

Integrada nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril no concelho, o Município de Portimão, através do seu Museu irá receber a exposição “the portuguese prison photo project”, de 19 de abril a 1 de setembro, e a conferência “Prisões e regimes de detenção em Portugal: antes e depois de 1974”, nos dias 19 e 20 de abril, também sobre este projeto expositivo, contando com a presença de palestrantes de renome.

A conferência de acesso livre, mas com inscrição obrigatória, será pautada por várias intervenções, nomeadamente de representantes da administração prisional portuguesa e dos órgãos de observação nacionais e internacionais, que colocarão no centro da reflexão um tema da atualidade, mas com fortes ligações ao período da ditadura portuguesa.

Depois da Revolução dos Cravos de 1974, tudo mudou – também na detenção? O que mudou para sempre? Quanta atenção foi dada às questões relacionadas com a prisão e a detenção após a Revolução? De que forma a vida nos estabelecimentos prisionais foi afetada por estas mudanças? E a longo prazo? Como foram estas alterações vistas pelas organizações ativas ao nível da prevenção da tortura? Que mudanças estão planeadas em termos de política penitenciária?

Estas são apenas algumas das questões que serão abordadas na conferência por palestrantes e moderadores considerados referências nesta área. É o caso de Maria João Raminhos Duarte, Domingos Abrantes, Francisco Bairrão Ruivo, Paulo Adriano, Daniel Fink, Luís Barbosa, Peter Schultess, Gilda Santos, Paulo Sérgio Pinto de Albuquerque, Julia Kozma, entre outros. No primeiro dia, a conferência terá início às 14h00 e terminará às 18h00. Já no segundo dia, a sessão decorrerá durante a manhã, das 10h00 às 13h15.

Neste âmbito, já se encontra disponível, para visualização e download, o Livro de Resumos da Conferência, evento que apesar do acesso livre, tem inscrição prévia e obrigatória em https://shorturl.at/mACTW

Esta será uma oportunidade para refletir sobre as condições de vida nas prisões antes e depois de 1974, sendo de assinalar que é a primeira vez que o projeto é apresentado a sul do Tejo. A conferência é organizada pela equipa do “the portuguese prison photo project”, que inclui professores da Universidade do Porto, como Gilda Santos, Cândido da Agra e outros, em conjunto com a equipa do Museu de Portimão. É patrocinado pela Gefängnisforschung.Schweiz, com o apoio das Universidades do Porto e Lausanne (Suíça), bem como da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Imagens inéditas apresentadas em Portimão

De referir ainda que, esta, é a quarta vez que a exposição “the portuguese prison photo project” é apresentada ao público. A primeira decorreu em 2017 no edifício da antiga prisão do Porto, que alberga atualmente o Centro Português de Fotografia (CPF). A segunda foi realizada em 2019 no Museu do Aljube Resistência e Liberdade, enquanto a terceira teve lugar no Arquivo Nacional Torre do Tombo em 2021/2022.

Lançado por Daniel Fink, investigador prisional suíço, este projeto juntou os fotógrafos Luís Barbosa e Peter Schulthesse, a historiadora prisional professora Maria José Moutinho Santos, o antigo diretor do Museu do Aljube Resistência e Liberdade, o professor Luís Farinha, e investigadores prisionais de universidades de Portugal e da Suíça para uma cooperação única. A DGRSP autorizou os fotógrafos a captar imagens no interior das suas prisões.

A exposição oferece, desta forma, uma visão transversal dos estabelecimentos prisionais de Portugal, dos maiores aos mais pequenos, dos mais antigos aos mais recentes, incluindo também as prisões para homens, jovens delinquentes ou mulheres. As imagens mostram as condições de vida nestes espaços, numa realidade desconhecida para grande parte da população.

Luís Barbosa tenta mostrar o ponto de vista dos reclusos, colocando o ambiente em destaque, através de um conjunto de imagens a preto e branco. Aliás, as primeiras fotografias registadas por si, em 2017, levaram a que lhe fosse atribuído o prémio de melhor trabalho fotográfico da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), em 2018. Por sua vez, Peter Schulthess documenta as prisões numa vertente mais institucional, utilizando imagens de alta resolução e a cores para revelar diferentes pormenores.

A mostra fotográfica será inaugurada no dia 19 de abril e estará patente até 1 de setembro. Poderá ser visitada no seguinte horário: terça-feira das 14h30 às 18h00 e de quarta-feira a domingo das 10h00 às 18h00 até 31 de julho e a partir de 1 de setembro; terça (19h30-23h00), quarta a sábado (13h00-23h00) e domingo (15h00-23h00), apenas durante o mês de agosto.

Sob o mote “Portimão, Terra Democrática”, a programação dos 50 Anos do 25 de Abril foi organizada por temas e momentos evocativos, tendo como objetivo global reforçar a memória coletiva e enfatizar a relevância atual dos valores e das conquistas da Revolução dos Cravos na construção e afirmação de um país progressista e igualitário.

As informações sobre o projeto expositivo e sobre a conferência, que prometem reforçar esta memória e realçar a relevância atual dos acontecimentos para a afirmação da democracia, poderão ser consultadas aqui https://www.prisonphotoproject.pt/pt/