Sinalética de evacuação face ao risco de tsunami aumenta resiliência de Quarteira
Quarteira, um dos territórios mais vulneráveis do litoral português, está a partir de agora mais preparada para um cenário de tsunami. A Câmara Municipal de Loulé apresentou esta manhã, junto à praia, o projeto de sinalética de caminhos de evacuação face ao risco de tsunami para esta freguesia e plano de sensibilização da população neste âmbito.
Trata-se de um projeto desenvolvido pelo Município, através do seu Serviço Municipal de Proteção Civil, em parceria com a equipa coordenada pelo Professor Carlos Oliveira, do Instituto Superior Técnico, que colaborou na realização do estudo prévio e todo o acompanhamento dos trabalhos.
Foi um “trabalho em rede”, como explicou o coordenador da Proteção Civil de Loulé, João Matos Lima, considerando o envolvimento em todo este processo da Junta de Freguesia de Quarteira, Marina de Vilamoura, Autoridade Marítima e GNR. “A Proteção Civil tem que ser entendida como uma atividade de partilha de recursos, responsabilidades e saberes”.
A par das 140 placas de vias de evacuação que se encontram agora espalhadas por Quarteira/Vilamoura, foram criados 13 pontos de encontro situados fora da área inundável, tidos como locais seguros por se encontrarem em zonas mais altas, como é o caso da Igreja de S. Pedro do Mar, as Escolas Drª Francisca de Aragão e Drª Laura Ayres ou a Avenida Papa Francisco.
O plano implicou ainda 6 postos de aviso sonoro, que serão ouvidos em caso de alerta.
Na sinalética foram colocadas as distâncias e criado um mapa dessas distâncias pois o objetivo é que, em caso de evacuação, as pessoas não tenham dúvidas e possam chegar ao ponto de encontro o mais rapidamente possível. “Tentámos colocar as placas estritamente necessárias, de modo a que não houvesse qualquer equívoco”, frisou o técnico Fernando Leandro.
No entanto, os caminhos de evacuação nem sempre são os mais curtos, mas sim os mais seguros, já que têm em conta a vulnerabilidade do edificado.
Como explicou Tatiana Neves, do Serviço de Proteção Civil de Loulé, estes trabalhos foram feitos “mediante o nosso pior cenário que seria uma onda de 15 metros, tendo como referência o que aconteceu em 1755”.
Este plano teve em conta as questões da sazonalidade e o número de pessoas que se encontram na praia durante o verão.
Em Vilamoura, o piso sendo essencialmente plano, está prevista a construção de abrigos, em altura, sobretudo na zona da Praia da Falésia, pois, “Nas zonas planas, a água espraie-se muito mais e é preciso caminhar para chegar a zonas altas para evacuar a população”, notou Carlos Oliveira.
Este projeto encontra-se georreferenciado, permitindo assim fazer a atualização da sinalética em caso de vandalismo ou, face ao crescimento da cidade, possibilitando alterar as rotas de evacuação.
Depois da implementação da sinalética, entra-se agora na fase da disseminação e sensibilização. Para isso está a ser criado um folheto bilingue (Português/Inglês) e pretende-se agora promover ações junto da população, tendo em conta também a hotelaria, nomeadamente nas zonas inundáveis, canalizando depois essa informação para os muitos turistas que visitam Quarteira.
“Não basta fazer. O último passo é passar toda esta informação para a população. É preciso que as pessoas saibam comportar-se. É fundamental ações no campo, por exemplo com as escolas, para as pessoas perceberem como é que a sinalética está feita”, afirmou o docente do Técnico.
Planos de sinalética como o de Quarteira já existem em cidades como Portimão, Cascais ou Lisboa, mas aqui “conseguimos inovar em alguns pontos”, disse ainda Carlos Oliveira.
Refira-se que este projeto de implementação de sinalética no litoral do concelho de Loulé terá uma segunda fase, que está neste momento em preparação, e respeita à freguesia de Almancil que, com Quarteira, totaliza 14 kms de orla marítima.
Dois dias depois de ter sido inaugurado um novo radar meteorológico no interior do concelho, para Vítor Aleixo este sistema hoje apresentado reforça a “cultura de segurança no concelho”.
“A segurança das comunidades humanas é uma das primeiras responsabilidades dos poderes públicos. É no litoral que vive a grande massa da população e Portugal não é exceção. Nos últimos anos temos feito um trabalho sistemático para nos prepararmos para um momento inesperado e trágico que ocorra, seja um sismo, um tsunami, um temporal ou uma seca sem limites à vista de consequências desastrosas. O nosso primeiro compromisso é com a vida!”, assegurou o autarca.
Importa referir que este projeto tem como base a Estratégia Nacional para uma Proteção Civil Preventiva 2030.