Reforço da Vigilância em Saúde Pública através da Inteligência Artificial para detetar novas doenças
As competências dos especialistas em saúde pública e os novos métodos para captar informação sobre novas doenças, como a inteligência artificial, estão em análise numa sessão de formação internacional organizada pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Esta sessão, integrada na Joint Action SHARP (Strengthened Internacional Health Regulations and Preparedness in the EU), decorre nos próximos dois dias (6 e 7 de julho) em Lisboa, e é organizada com a colaboração da Finlândia, da Noruega e da Sérvia. Este é um projeto colaborativo, que envolve institutos de saúde pública em 30 países, e que é cofinanciado pelo Programa de Saúde da União Europeia.
Durante as sessões, ficou evidente que o futuro vai obrigar a automatizar o que antes era feito de forma manual, utilizando de forma mais eficaz a inteligência artificial, por exemplo para identificar associações e tendências em diferentes bases. Associações entre dados clínicos, laboratoriais, epidemiológicos, comportamentais e ambientais poderão ser feitas de forma autónoma e a uma velocidade de tempo impossível de atingir com sistemas manuais.
O uso de outros métodos, como o chatGPT ou a existência de melhores algoritmos, não dispensa o desenvolvimento de competências dos peritos humanos. “Mesmo com a digitalização e a automatização de alguns sistemas, temos de ter recursos humanos que guiem a análise de dados e gestão de informação. Estas funções exigem um número adequado de peritos de diferentes áreas complementares e com as competências necessárias para cumprir as funções essenciais de saúde pública determinadas pela legislação europeia”, referiu Paula Vasconcelos, especialista sénior em saúde pública que apoia a coordenação do Centro de Emergências em Saúde Pública, da DGS.
A Joint Action reforça a cooperação internacional de peritos, a troca de experiências, conhecimentos, assim como o treino de novas gerações de profissionais para preparar os países para o futuro. “Identificámos desafios que vão implicar a revisão de procedimentos, a interoperabilidade de sistemas e a extração de dados. Temos de ter indicadores que sustentem a tomada de decisões”, referiu Paula Vasconcelos.
André Peralta-Santos, Subdiretor-Geral da Saúde, destacou, na sessão de abertura, que a DGS está a integrar as lições identificadas durante a pandemia por COVID-19 para melhorar a preparação para uma próxima emergência. “Temos de reforçar a deteção precoce e os mecanismos de preparação e resposta, para responder a ameaças e proteger as nossas populações. Para isso ser possível, e como nos mostrou a COVID-19, a colaboração é essencial. Somos todos atores globais, atuando a nível local”, acentuou.
Ao longo do workshop estiveram presentes cerca de 70 profissionais da área da saúde pública de 16 países, que estão a participar numa sessão de formação, organizada pela DGS, que visa construir novos conhecimentos e reforçar competências de preparação e resposta a emergências de saúde pública.
Esta atividade faz parte do Pacote de Trabalho 8 de preparação de exercícios locais e intercâmbio de práticas de trabalho (sharpja.eu), que aborda as lacunas existentes nas capacidades básicas do Regulamento Sanitário Internacional dos países.
Estas são as funções essenciais de saúde pública que cada país precisa de ter para prevenir, detetar, controlar e gerir com eficácia as ameaças à saúde – essas funções incluem legislação e regulamentação, sistemas de vigilância, funções de segurança hídrica e alimentar, investigação de surtos, entre outras.
Fonte: SNS