Jordan Smith campeão histórico e emotivo do Portugal Masters
Jordan Smith entrou ontem para a história de 16 anos do Portugal Masters, ao carimbar o melhor resultado de sempre de um campeão, com 30 abaixo do Par, mas também pelas emoções que deixou fluir após o último putt no buraco 18 do Dom Pedro Victoria Golf Course, em Vilamoura.
Interpelado pelo entrevistador da televisão do DP World Tour, ainda antes de entregar o seu cartão de resultados, rebentou em lágrimas e não conseguiu responder durante alguns minutos. Já tínhamos visto os sorrisos de Andy Sullivan, a garra e alívio de Lucas Bjerregaard, mas este foi o mais emotivo campeão de sempre do torneio algarvio de 2 milhões de euros de ‘prize-money’.
«A família da minha mulher perdeu alguém no início deste ano, a irmã da minha mulher. Tem sido difícil desde então e naquele momento pensei na minha família», disse, depois, o inglês de 29 anos ao Gabinete de Imprensa do torneio.
Jordan Smith totalizou 254 pancadas, 30 abaixo do Par, após voltas de 62, 67, 62 e 63 e cometeu a proza de liderar sempre no final de cada volta (‘wire-to-wire’). Na primeira e terceira voltas igualou a sua melhor volta de sempre em torneios do DP World Tour e embolsou 340.812 euros.
O 2.º classificado foi Gavin Green, a 3 pancadas de distância (64+65+64+64), e o malaio de 28 anos ainda deve estar a pensar como foi possível somar -27 e não ganhar o torneio, contentando-se com o segundo prémio de 220.525.
«30 abaixo do Par é um dos melhores resultados de sempre no European Tour ou no DP World Tour», disse David Williams, o presidente do circuito profissional europeu, no seu discurso, durante a cerimónia de prémios.
O DP World Tour não reconhece estas -30 como recorde, porque jogou-se com colocação de bola no fairway durante os quatro dias. No entanto, não deixa de ser a melhor marca de sempre de um campeão e tem ainda mais valor porque o Portugal Masters joga-se quase sempre nestas condições, com ‘prefered lies’.
O anterior melhor resultado de um campeão tinham sido as -25 do inglês Steve Webster, logo na primeira edição da prova (2007), quando o Dom Pedro Victoria Golf Course, desenhado por Arnold Palmer, era um Par-72. Desde que passou a Par-71, o melhor agregado eram as -23 do irlandês Pádraig Harrington em 2016, e do inglês Andy Sullivan em 2015.
Vários fatores contribuíram para um resultado deste calibre e Ricardo Santos, o melhor português, no 59.º lugar, com 8 abaixo do Par, referiu-se a dois deles: «o campo está mais fácil este ano e o nível dos jogadores é cada vez melhor».
Mas por muito acessível que esteja um campo, nunca é fácil fazer 27 birdies e 3 eagles. Há também muito mérito de Jordan Smith, o oitavo inglês a vencer o Portugal Masters, por ter tido a coragem de há três semanas mudar de ‘putter’ e de pega de ‘putting’. A consequência foi esta prestação mágica.
Para ele, pouco importa se é ou não sancionado como recorde. O sabor é igual: «Nunca pensei fazer um resultado destes, mas, agora, espero que resista durante muito, muito tempo, para ficar nos livros de história».
Foi o segundo título de Jordan Smith no DP World Tour depois do Porsche European Open em 2017. Uma espera de cinco anos.
O triunfo em Vilamoura valeu-lhe a subida do 14.º ao 9.º lugar no ‘DP World Tour Rankings in partnership with Rolex’. Tem mais do que garantida a qualificação para os dois últimos torneios da temporada, na África do Sul e no Dubai.
Mas subiu também ao 5.º lugar no ranking europeu da Ryder Cup. Se o confronto com os Estados Unidos fosse agora, seria chamado à seleção da Europa.
No ranking mundial vai regressar ao top-100 (já foi 69.º).
Jordan Smith sucede na lista de campeões do Portugal Masters ao belga Thomas Pieters, que no ano passado recordou ter jogado em Portugal Campeonatos da Europa de amadores.
E é curioso como o nosso país também desempenhou um papel importante na formação do novo campeão da prova.
Em 2016, foi o vencedor da ordem de mérito do Algarve Pro Golf Tour, o circuito satélite que evoluiu para o atual PT Tour. Conquistou dois troféus em Portugal e dois vice-campeonatos, mesmo antes de entrar no Challenge Tour.
Nesse ano de 2016, somou dois títulos da segunda divisão europeia (num deles deixou Filipe Lima no 2.º lugar) e sucedeu a Ricardo Melo Gouveia na lista de n.º1 do ranking do Challenge Tour. Há de facto um enorme significado que o seu regresso aos triunfos seja de novo no Algarve, onde tudo começou.
«Nem sequer tinha pensado nisso – admitiu –, mas agora que mencionas isso, sim, é um círculo que se completa. Ganhei um par de torneios no início de 2016 no Algarve Pro Golf Tour, depois tive uma grande época no Challenge Tour. Foi uma excelente preparação. Foi bem divertido andar a viajar pelo Algarve a jogar em campos diferentes».
Ricardo Santos e Tomás Bessa são outros campeões de torneios do tal PT Tour, cuja nova época deverá começar em poucas semanas. Ambos partiram hoje (Domingo) empatados para a última volta com 6 abaixo do Par e foi Ricardo Santos a merecer o estatuto de melhor português do 16.º Portugal Masters.
O algarvio de 40 anos totalizou 276 pancadas, 8 abaixo do Par, após quatro voltas de 69. Ficou empatado no 59.º lugar com o campeão de 2015, o inglês Andy Sullivan, e cada um levou para casa um prémio de 5.914 euros.
Foi a terceira vez em 13 participações que Santos foi o melhor português. E embora esta não tenha sido a sua melhor classificação (16.º em 212), as -8 igualaram o seu melhor resultado (também -8 em 2010).
«Talvez tenha sido o ano em que eu joguei mais sólido do tee ao green», disse o campeão nacional de 2011 e 2016.
Já no caso de Tomás Bessa, foi mesmo o seu melhor resultado na prova.
O jogador de Paredes que reside no Algarve totalizou 281 pancadas, 3 abaixo do Par, após voltas de 67, 71, 69 e 74. Ficou no 70.º lugar e arrecadou um prémio de 3.809 euros.
Foi a sua terceira participação no Portugal Masters, só tinha passado o cut uma vez, em 2020, ano em que teve uma classificação de 64.º com 1 pancada acima do Par.
«Fico feliz por ter jogado as quatro voltas, sabia que poderia fazer muito melhor, mas é uma grande aprendizagem que tiro para o próximo desafio», disse o jogador de 26 anos, campeão nacional em 2020.
O próximo desafio para os dois portugueses é já na próxima semana, em Almería, onde irá decorrer a Segunda Fase da Escola de Qualificação do DP World Tour, onde também estarão Pedro Figueiredo e Tomás Melo Gouveia. Ricardo Melo Gouveia, por seu lado, apurou-se diretamente para a Final da Escola de Qualificação, daqui a duas semanas, em Tarragona, também em Espanha.
Ricardo Santos e Ricardo Melo Gouveia começaram o 16.º Portugal Masters a lutarem para manterem o cartão no DP World Tour. O objetivo era chegarem a este Domingo no top-117 do ranking, mas acabaram por ceder algum terreno. Melo Gouveia caiu no ranking europeu de 120.º para 122.º e Santos de 160.º para 161.º. Resta-lhes a Escola de Qualificação.
O 16.º Portugal Masters atraiu ao longo de cinco dias (contando com o Pro-Am) um total de 33.322 espectadores com ingresso. Uma subida em relação aos pouco mais de 24 mil de 2021, enquanto em 2020 nem foi possível haver público devido à pandemia. Se não contarmos com os dois anos de restrições motivadas pela COVID19, ultrapassam-se sempre os 33 mil espectadores desde 2016.
Na cerimónia de entrega de prémios estiveram Filipe Silva (administrador do Turismo de Portugal), David Williams (presidente do DP World Tour), David Pimentel (vereador da Câmara Municipal de Loulé), João Fernandes (presidente do Turismo do Algarve), Custódio Moreno (do IPDJ), Luís Correia da Silva (presidente executivo do Dom Pedro Golf e presidente do CNIG), Miguel Franco de Sousa (presidente da Federação Portuguesa de Golfe), Nelson Cavalheiro (presidente da PGA de Portugal), Peter Adams (diretor de campeonato do Portugal Masters) e José Maria Zamora (diretor de torneio).