Sexta edição da Semana Intercultural volta a afirmar Portimão como município acolhedor e inclusivo
Sob o mote da diversidade cultural, a Semana Intercultural de Portimão vai decorrer entre 23 e 29 de maio, com o objetivo maior de promover a vivência das várias comunidades de migrantes existentes neste concelho acolhedor e inclusivo.
A iniciativa, promovida pelo Município de Portimão, visa sensibilizar a comunidade para a importância de uma sociedade mais justa, igualitária e intercultural, no âmbito da política municipal de inclusão para bem acolher quem procura esta cidade tolerante e solidária.
O programa desta sexta edição arranca pelas 15h00 da próxima segunda-feira, 23 de maio, com a inauguração do estendal “Pela Paz, igualdade de direitos e diversidade cultural”, uma mostra de t-shirts alusivas à temática, que ficará patente durante os próximos dias no Jardim 1º de Dezembro e que contará com a presença dos utentes dos centros de convívio sénior que participam nesta iniciativa, bem como dos diferentes parceiros do Município integrantes da rede de intervenção e apoio para acolhimento da população migrante em Portimão.
A instalação artística é aberta à participação da comunidade, sendo que qualquer pessoa poderá dar asas à criatividade e colocar a sua t-shirt no estendal, sob inspiração do tema “Pela Paz, igualdade de direitos e diversidade cultural”.
Para os dias 23 e 24 de maio estão agendados passeios culturais que desafiam a comunidade migrante a partir à descoberta das “paisagens urbanas” de Portimão e de “Alvor Islâmico”, respetivamente, com inscrições abertas até à véspera de cada passeio para o email saude.cidadania@cm-portimao.pt
No âmbito da Semana Intercultural, nos dias 25 e 26 de maio os utentes do Centro de Convívio da Aldeia das Sobreiras e do Centro de Convívio de Portimão irão ter a oportunidade de colaborar na confeção de “Doces d’Outros Países” e participar nos workshops de doces tradicionais do Brasil, Angola e Itália dinamizados por migrantes destas nacionalidades residentes em Portimão, que irão partilhar os seus “saberes e sabores” com a comunidade sénior.
Na Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes, no dia 26 de maio, terá lugar a apresentação do livro “Rua das Flores nº 10 – mundo para partilhar”, de Felicita Sala, com sessões às 10h00, 11h00 e 14h00 dirigidas às instituições de solidariedade social. Uma história que mostra como os vizinhos de um prédio, de muitas origens, partilham entre si as suas tradições gastronómicas.
No dia 27 de maio, o Mercado da Avenida S. João de Deus receberá entre as 10h00 e as 12h00 o show cooking “Vamos degustar novos sabores do mundo”, promovido pela associação CAPELA, com a confeção de cheburek, um pastel de carne oriundo dos países do Leste europeu.
Pelas 19h00 de 28 de maio, a associação africana ESOSA organiza nas suas instalações, situadas na Rua Prof. José Buísel, o jantar convívio “Cheiros de África”, composto por comida tradicional africana e que incluirá atividades lúdicas. O valor da refeição é de 5 euros, sem bebidas, devendo os interessados inscrever-se até 27 de maio através do email esosa.associacao@yahoo.com
O programa da Semana Intercultural de Portimão culminará a 29 de maio, data em que se celebra o Dia Municipal do Imigrante e da Diversidade Cultural, com o regresso do espetáculo “Encontro de Culturas”, após o interregno causado pela pandemia, não faltando a música, a dança e a cultura de vários cantos do mundo.
Agendado para as 18h00 no auditório do Museu de Portimão, e com entrada gratuita, participam no espetáculo a Banda Filarmónica de Portimão, o Estúdio “Mixdance” da CAPELA, as “Amigas do Cante Alentejano” e o grupo de cantares da ESOSA, entre outros.
Toda esta programação, organizada no âmbito do Plano Municipal para a Integração do Imigrante, conta com a colaboração das três associações de migrantes atualmente a funcionar em Portimão: CAPELA – Centro de Apoio a População Emigrante de Leste e Amigos; All Mozambi – Associação Cultural e Recreativa de Moçambicanos e Amigos de Moçambicanos; e ESOSA – Associação Africana.
Este ano, a iniciativa ganha maior relevância face ao grave conflito entre Rússia e Ucrânia, desempenhando o CLAIM de Portimão um importante papel como ponto central da intervenção no acolhimento ao migrante, ao ser a primeira porta de entrada para as famílias ucranianas que têm chegado ao concelho.
CLAIM Portimão atendeu mais de 2700 migrantes
Espaço de acolhimento, informação e apoio aos migrantes que aqui encontram apoio na adaptação a uma nova vida, o CLAIM de Portimão resulta de um protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal e o Alto Comissariado para as Migrações e atendeu no ano transato 2755 migrantes, entre os quais 200 do Brasil, 159 da Guiné-Bissau, 84 de Cabo Verde, 44 de Angola e 38 da Índia.
Dos atendimentos efetuados nesse período, 54 por cento eram homens e 46 por cento mulheres, estando 26 por cento dos migrantes na faixa etária entre os 26 e os 35 anos e 22 por cento das 36 aos 45 anos.
Desde a sua inauguração há seis anos, o CLAIM de Portimão foi procurado especialmente por migrantes oriundos do Brasil, Índia, Bangladesh, Argélia, Guiné-Bissau e Cabo Verde, num total de 38 nacionalidades, estando a maioria dos atendimentos relacionada com questões de legalização, renovações de residência, reagrupamento familiar, nacionalidade, educação (registo de menores) e saúde (atribuição do número de utente).
Segundo os mais recentes dados disponíveis no SEF e relativos a 2020, no concelho de Portimão havia 11.401 migrantes com autorização de residência, oriundos em grande maioria do Brasil (2724), seguindo-se Reino Unido (1427), Roménia (978), Itália (793), Ucrânia (769), França (500), Moldávia (480) e Índia (448), números que atualmente estarão aquém da realidade, sobretudo no que diz respeito a brasileiros, ucranianos e indianos.
Na prossecução dos seus objetivos, o CLAIM conta com a parceria do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante – Faro, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – Portimão, Agrupamento de Centros de Saúde do Barlavento, Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Instituto de Emprego e Formação Profissional, juntas de freguesia do concelho, Proteção Civil Municipal, Bombeiros de Portimão, Gabinete de Inserção Profissional do GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes, Segurança Social e associações de intervenção social, nomeadamente na área dos migrantes.
Associações de migrantes prestam relevante papel de proximidade
Fundada há cerca de um ano, a ESOSA – Associação Africana é a mais recente associação de migrantes em Portimão que tem por objetivo criar a união entre os povos, de modo a que os imigrantes se sintam em casa, independentemente das suas origens.
A associação possui profunda ligação à Ordem Missionárias da Caridade, fundada por Madre Teresa de Calcutá e possui atualmente cerca de oito dezenas de associados, procurando ajudar quem precisa.
Entre as diversas medidas de apoio prestadas, a ESOSA serve refeições aos sem-abrigo e procura arranjar alojamentos e trabalho a quem recorre aos seus préstimos, ajudando no preenchimento de documentos e na resolução de questões burocráticas, nomeadamente encaminhando os migrantes para o CLAIM de Portimão, o SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras ou para a Segurança Social.
Para além de aulas de Português para indianos e do convívio semanal de africanos, que tem lugar as sábados, esta nova associação pretende dedicar especial atenção aos jovens, nomeadamente implementando uma área escolar.
A Associação CAPELA – Centro de Apoio Países de Leste e Amigos, criada em 25 de fevereiro de 2005, desenvolve vários projetos e iniciativas no âmbito da igualdade de oportunidade dos imigrantes, sobretudo em termos de sensibilização, informação no âmbito das questões da imigração ao nível local, de modo a facilitar o processo de integração dos seus 1760 associados, de 32 nacionalidades, o que faz dela uma das maiores associações na região algarvia.
Para além de promover os direitos cívicos e realizar diversas atividades culturais, mantém a sua dinâmica mesmo durante a pandemia de covid-19, de acordo com as necessidades dos seus associados, apoiados por um gabinete que continuou a funcionar ao longo deste período e atendeu uma média mensal entre os 550 e os 600 imigrantes em 2020.
Pelo contributo da associação na integração dos imigrantes na comunidade portimonense e pelo seu trabalho social e humanitário, a Câmara de Portimão atribuiu à CAPELA a Medalha de Mérito Municipal.
Criada em 2012, a All Mozambi tem como objeto promover as relações de convívio social, nomeadamente de cariz cultural e recreativo entre os sócios, fomentando a cultura e as tradições de Moçambique.
Com mais de meia centena de associados, promove ações necessárias à integração no meio laboral dos moçambicanos e o intercâmbio com outras associações e, devido à situação pandémica, a associação tem trabalhado com a Câmara Municipal de Portimão e a Cáritas da Igreja Matriz de Portimão, no sentido de ajudar os compatriotas que manifestem necessidades.
Portimão integra Rede Portuguesa de Cidades Interculturais
Recorde-se que em 2016 Portimão passou a fazer parte da Rede Portuguesa de Cidades Interculturais juntamente com mais 12 municípios, visando promover ativamente a diversidade local, acolher famílias recém-chegadas e assegurar que todas as pessoas se sintam incluídas.
Esta entidade faz parte de uma rede internacional de 141 municípios em todo o mundo, empenhados em criar cidades mais inclusivas e trabalhando em conjunto de forma a desenvolver atividades e recursos essenciais para que a inclusão seja uma realidade e não apenas uma intenção.