Cultura

“Livros abertos” com Lídia Jorge: apresentação do livro “em todos os sentidos” por Sandra Boto

A 25 de maio, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner Andresen, em Loulé, vai estar em destaque a obra vencedora, em 2021, do Grande Prémio Crónicas e Dispersos Literários promovido pela Associação Portuguesa de Escritores e Câmara Municipal de Loulé: “Em Todos os Sentidos”, da escritora Lídia Jorge.

O livro será apresentado ao público por Sandra Boto, numa sessão realizada no âmbito das leituras efetuadas pelo Clube de Leitura de Loulé.

“Em Todos os Sentidos”, conjunto de quarenta e uma crónicas que Lídia Jorge leu, ao longo de um ano, aos microfones da Rádio Pública, Antena 2, corresponde a essa definição – são crónicas que encaram de frente a fúria do mundo contemporâneo, interpretando os seus desafios, perigos e simulacros com um olhar crítico acutilante. Mas a singularidade destas páginas de intervenção provém, sobretudo, do facto de a autora ser capaz de juntar no mesmo palco da reflexão o pensamento crítico sobre a realidade e o discurso subjetivo da memória íntima, com um olhar profundamente sentido. No interior deste livro, há páginas inesquecíveis sobre a vida humana.

Na introdução que abre este livro, Lídia Jorge define a crónica como uma homenagem ao deus que faz escorregar os grãos de areia, mirando-nos de soslaio. E acrescenta: «Como não podemos vencer o Tempo, escrevemos textos que o desafiam a que chamamos crónicas.»

Romancista e contista portuguesa, Lídia Jorge nasceu em 1946, Boliqueime. Viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social e, entre outros cargos que tem desempenhado, é hoje conselheira de Estado.

O tema da mulher e da sua solidão é uma preocupação central da obra de Lídia Jorge.

Estreou-se com a publicação de “O Dia dos Prodígios”, em 1980, um dos livros mais emblemáticos da literatura portuguesa pós-revolução. Desde então tem publicado vários títulos nas áreas do romance, conto, ensaio e teatro.

Em 1988, “A Costa dos Murmúrios” abriu-lhe as portas para o reconhecimento internacional, tendo sido posteriormente adaptado ao cinema por Margarida Cardoso.

Entre muitos outros, são de realçar títulos como “O Vale da Paixão”, “O Vento Assobiando nas Gruas”, “Combateremos a Sombra” ou “Os Memoráveis”, obra que tem sido considerada como uma poderosa metáfora da deriva portuguesa das últimas décadas.

Aos seus livros têm sido atribuídos os principais prémios nacionais, alguns deles pelo conjunto da obra, como o Prémio da Latinidade, o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores – Millenium BCP, ou o Prémio Vergílio Ferreira de 2015. No estrangeiro, entre outros, Lídia Jorge venceu em 2006 a primeira edição do prestigiado prémio ALBATROS da Fundação Günter Grass e, em 2015, o Grande Prémio Luso-Espanhol de Cultura, o XXIV Grande Prémio de Literatura DST e foi finalista do Prémio Médicis 2019.

Em 2019, publicou a sua primeira obra de poesia, “O Livro das Tréguas”, e as crónicas que ao longo de um ano leu aos microfones da Antena 2 foram, em 2020, reunidas no livro “Em Todos os Sentidos”.