Forte carga simbólica e presença ucraniana no inicio da Semana Santa em Tavira
«NÃO PODEMOS DEIXAR OS UCRANIANOS SOZINHOS A MORRER POR NÓS, SUPORTANDO SEM AJUDA A SUA CRUZ», AFRIMA PÁROCO DE TAVIRA
As celebrações da SEMANA SANTA têm tido, este ano, na Paróquia de Tavira, o envolvimento da comunidade ucraniana algarvia.
Ontem, Domingo de Ramos, altura em que se realiza uma monumental procissão com diversos andores que contam os últimos passos da vida de Cristo, o andor que dá nota da condenação de jesus à morte foi carregado pela comunidade ucraniana residente em Tavira.
Também os jovens da paróquia se associaram ao evento, transportando uma faixa, que dizia em vários idiomas, “Rezando com a Ucrânia”.
Dirigindo-se ao povo que participava em três línguas (português, inglês e ucraniano), Miguel Neto, Pároco da Cidade, exortou a comunidade para a necessidade de unidade na defesa da paz, que é um bem de todos e para fazer melhor do que os discípulos, que deixaram Jesus sozinho na cruz, considerando tal gesto um pecado. «Podemos fazer melhor do que os discípulos», disse, e não «deixar os ucranianos sozinhos a morrer por nós, suportando sem ajuda a sua cruz». «Se todos nos unirmos em defesa das nossas vidas, na defesa de tantas anónimas vidas terminadas, estragadas, revoltadas pela guerra, talvez consigamos alguma coisa por todos», salientou o sacerdote, que considerou que «os ucranianos já o começaram a fazer», estando a «a proteger a terra que lhes coube neste mundo e onde podem mostrar a sua identidade e organizar a sua vida, sem fazer mal a nenhum outro povo», defendendo-se «da loucura de um homem que nos odeia, que odeia a nossa vida pequena e desconhecida, mas de paz e de trabalho, feito para existirmos, para vivermos».
Toda a Semana Santa em Tavira será marcada por esta nota de solidariedade, já que na Sexta-Feira Santa (15 de abril, às 21h00) a comunidade ucraniana volta a participar na Procissão do Senhor Morto, estando presente o padre Oleg Trushko, assistente da comunidade ucraniana Grego-católica no Algarve.
Em outros momentos, como na Via Sacra (quarta-feira, 13 de abril, pelas 21h00) também haverá uma reflexão sobre como amar o irmão e como estar perto dele no sofrimento.
As celebrações terminarão no Domingo de Páscoa (17 de abril, sai da Igreja de S. Paulo às 10h00 e percorrerá o Centro de Tavira), com a Procissão da Ressurreição, onde será abençoada a cidade de Tavira e «vamos rezar pelas cidades mártires da Ucrânia, como Mariupol, pelas pessoas que nada têm, pelos que estão doentes e pelos que morreram, para que Cristo lhes garanta a ressurreição, que se celebra no dia de Páscoa», afirma o Pároco de Tavira.
«Convidamos, veementemente, a que se juntem a nós!», afirma o sacerdote tavirense e reforça que «neste tempo, mais do que nunca, precisamos que se sinta que não desejamos a guerra, que estamos empenhados na construção de uma mundo onde a paz seja real, por isso todos aqueles que desejarem a participar nestes momentos especiais que vamos viver são muito bem-vindos e peço para trazerem algo consigo – uma fita, uma roupa, o que quiserem – que tenha as cores da Ucrânia. Será mais uma forma», reforça o sacerdote, «de estarmos em sintonia e sentindo esta Páscoa como um tempo especial, um tempo de pedir a Deus a paz que o mundo precisa e que pode faltar, como agora percebemos, em qualquer momento».
«Volto a dizer», conclui, «É um momento para mostrarmos, verdadeiramente, que a humanidade é uma só e que somos todos irmãos!».
As celebrações são organizadas em parceria pela Paróquia de Tavira, Santa Casa da Misericórdia de Tavira e Irmandade do Carmo, de Tavira; têm o apoio da Câmara Municipal de Tavira