Castro Marim cria Gabinete de Crise para apoiar vítimas do incêndio
Castro Marim constituiu já um Gabinete de Crise para apoiar as vítimas do incêndio, que lavrou cerca de 9.000 hectares de floresta, segundo os dados da Proteção Civil.
O incêndio que deflagrou na freguesia de Odeleite, concelho de Castro Marim, acabou por se alastrar aos concelhos de Tavira e Vila Real de St. António, causando momentos de muito sobressalto e pânico junto de várias povoações. Em Castro Marim, algumas casas e armazéns arderam por completo, uma família perdeu todos os bens e muitas famílias perderam as suas plantações agrícolas, que eram fonte direta de sustento. Cerca de 80 pessoas foram ainda retiradas das suas casas por precaução e foi evacuado um canil com quase 200 animais. Nas operações participaram mais de 600 operacionais, apoiados por cerca de 200 veículos e 8 meios aéreos. O fogo foi finalmente dado por dominado ontem à tarde.
Hoje, a Câmara Municipal de Castro Marim decidiu criar já um Gabinete de Crise para apoiar os lesados nesta tragédia. “Os apoios do estado, carregados de burocracia e morosidade, podem não responder a estas situações, que requerem ajudas urgentes. Temos pelo menos uma família que perdeu tudo neste incêndio, não vamos deixá-la desamparada à espera de apoios que nunca levam menos de um ano”, declarou em reunião o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, sublinhando ainda que existiram falhas no combate ao incêndio, nomeadamente na retirada dos meios aéreos quando o incêndio foi declarado como dominado, qualificando de “superficiais e enganadoras” as declarações feitas ontem pela secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, que classificou os resultados como positivos e afirmou que a operação estaria de parabéns, uma vez que se poderiam ter atingido os 20.000 hectares ardidos, mas ficou-se nos 6.700.
Nesta, que foi a primeira reunião do Gabinete de Crise, ficaram definidas as seguintes medidas:
- Apoios económicos urgentes aos agricultores mais carenciados;
- Apoios à replantação de efetivos de produção;
- Aquisições urgentes de rações para os animais;
- Abertura de uma conta solidária para a população mais atingida.
A concretização destas medidas municipais representa um investimento considerável, mas entende o executivo que é fundamental para as pessoas e para o território.
A convite do presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, o Diretor Regional de Agricultura virá amanhã, dia 19 de agosto, reunir com os agricultores das áreas atingidas. A reunião decorrerá no Centro Multiusos do Azinhal, pelas 15h00. Em todo o caso, o Município de Castro Marim terá um gabinete móvel no terreno, para ajudar as pessoas a preencher as fichas de ocorrência de prejuízos agrícolas.
O município de Castro Marim agradece aos mais de 600 bombeiros que estiveram no combate às chamas, à Guarda Nacional Republicana, à Cruz Vermelha Portuguesa, ao INEM, ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, às Instituições Particulares de Solidariedade Social do território, aos voluntários e funcionários da autarquia que contribuíram enormemente no apoio logístico de toda a operação, aos serviços municipais de proteção civil e também às associações de caçadores, que foram essenciais pelo conhecimento que têm do território e pelos meios disponibilizados. Um especial reconhecimento aos populares, aos bombeiros, aos sapadores e a outros operacionais que estiveram na frente de fogo. A autarquia castromarinense sublinha ainda a onda de solidariedade de várias empresas e particulares na disponibilidade e doações a toda operação e aos principais lesados nesta tragédia.