Rede de museus do Algarve e museu nacional de arqueologia unem-se para criar o museu arqueológico virtual do Algarve
Ambição antiga da Rede de Museus do Algarve, o Museu Arqueológico Virtual do Algarve vai mesmo avançar. Os primeiros passos foram dados ao longo dos últimos dois meses e culminaram na parceria estabelecida entre aquela rede e o Museu Nacional de Arqueologia. Os trabalhos, centrados nos sítios identificados e nos materiais recuperados por Sebastião Phillipes Estácio da Veiga no âmbito da sua carta arqueológica para a região algarvia, que resultou na abertura do efémero Museu Arqueológico do Algarve e na produção da volumosa obra Antiguidades Monumentaes do Algarve, já iniciaram. Certamente que a notícia exultaria Estácio da Veiga, não tivesse sido o Museu do Algarve um dos cavalos de batalha do arqueólogo oitocentista.
Desde meados do século XIX que há recolhas de espólios em sítios arqueológicos da região por parte de investigadores portugueses e estrangeiros. Estes conjuntos, nalguns casos numerosos, integram acervos de museus de fora da região, em especial o do Museu Nacional de Arqueologia. A sua segmentação em coleções menores com vista à incorporação nos museus da geografia de proveniência é uma perspetiva improvável, atendendo à importância que estes assumem como coleções representativas de campanhas de exploração arqueológica pioneiras em Portugal. Não obstante, muitos destes bens culturais são representativos da ocupação humana no território algarvio em diferentes cronologias e não se encontram musealizados, estudados ou sequer inventariados.
Partindo da máxima “Passado virtualizado em Futuro”, o Museu alojado na Web terá por missão divulgar os “característicos” do passado e da identidade do Algarve que se encontram depositados nesses museus, sistematizando toda a informação associada, consubstanciada na construção de discursos explicativos sobre a evolução dos povos que habitaram o extremo sul do país, dos seus modelos de organização social e atividades económicas praticadas.
O aproveitamento da informação disponibilizada pelo Museu Virtual dar-se-á em três níveis: científico, na medida em que a concretização do projeto representa um acréscimo do conhecimento existente para a caracterização da evolução da ocupação humana na região; sociocultural, promovendo a aproximação das populações locais à sua cultura e passado; turística, sendo o Museu Virtual um veículo de atratividade para os distintos visitantes da região algarvia. O Museu funcionará, assim, como plataforma digital que convida a circular e a conhecer o território do Algarve e os seus museus, sítios e monumentos. Será também um repositório para a cartografia e inventário de sítios arqueológicos dos 16 concelhos algarvios, constituindo uma ferramenta para os projetos de investigação e de dinamização cultural que se debrucem sobre o património arqueológico regional.
O projeto é estruturado em fases, sendo a que se segue a de levantamento e inventário das coleções reunidas por Estácio da Veiga que se encontram à guarda do Museu Nacional de Arqueologia, tanto as que o próprio depositou como as que José Leite de Vasconcelos, criador e primeiro diretor da instituição, adquiriu posteriormente. Este trabalho será levado a cabo em parceria pelos técnicos dos municípios algarvios e da Direção Regional de Cultura do Algarve, que integram o grupo de Arqueologia da RMA, e suportará uma candidatura a fundos comunitários aquando da abertura de programas de salvaguarda e valorização do património cultural.