Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, assinala-se hoje, 16 de setembro
Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, assinala-se hoje, 16 de setembroO , e foi estabelecido pela ONU em 1994.
Na edição de maio de 1985 da revista Nature, os cientistas britânicos Farman, Gardiner e Shanklin reportavam valores extremamente baixos da quantidade total de ozono observados durante os meses de outubro a março na Base de Halley Bay na Antártida.
As medições de ozono efetuadas com o espetrómetro TOMS (Total Ozone Mapping Spectrometer) instalado a bordo do satélite Nimbus-7 da NASA, que até aí tinham sido sistematicamente rejeitadas por serem consideradas extremamente baixas, tiveram de ser reavaliadas desde 1976, mostrando assim a verdadeira extensão do fenómeno observado em Halley Bay.
Esta descoberta constituiu um verdadeiro choque para a comunidade científica internacional, pondo a descoberto uma ameaça de proporções globais com consequências a curto-médio prazo, sobretudo resultantes do aumento da radiação ultravioleta à superfície.
Mais tarde, Crutzen, Molina e Rowland, receberiam o Nobel da Química em 1995, pelo seu trabalho onde atribuíam a destruição massiva do ozono à ação dos clorofluorcarbonos (CFCs) de origem antropogénica.
Desde essa altura, em todo o mundo foram tomadas medidas para reforçar as medições de ozono com vista a compreender melhor este fenómeno.
Sob a égide do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUA) produziram-se negociações que levaram à declaração política em 1985, da Convenção de Viena; esta convenção foi seguida, em 1987, por um acordo de ação internacional, o Protocolo de Montreal. O Protocolo foi um êxito; estima-se que até 2009, se tenha eliminado o consumo de cerca de 98% dos produtos químicos nocivos para o ozono; estima-se ainda que mais de 250 milhões de casos de cancro da pele e cerca de 50 milhões de casos de catarata terão sido evitados até o final do século.
A nível nacional, o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) adquiriu em 1987 dois espectrofotómetros Brewer, financiados pela Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) com o objetivo de reforçar o programa de observação de ozono que nessa data possuía já uma estação em Lisboa.
Assim, Lisboa possui uma das mais antigas estações mundiais de observação de ozono; estas observações iniciaram-se nos anos 60 do século XX, continuando no presente a ser realizadas com o espectrofotómetro de ozono de Dobson #13 cedido pela International Ozone Commission (IOC).
Os novos instrumentos adquiridos (Brewer) de funcionamento automático, permitiam a realização de um maior número de observações que incluíam também a radiação solar ultravioleta, aumentando e melhorando significativamente o programa de observações manuais com o espectrofotómetro Dobson.
Inicialmente, estes instrumentos foram instalados em Lisboa e no Observatório do Funchal; mais tarde, foram instalados no Observatório José Agostinho em Angra do Heroísmo e no Observatório das Penhas Douradas. Estes novos instrumentos permitiram cobrir a totalidade do território nacional e, ao mesmo tempo, uma vasta região do Atlântico Norte que carecia de medições de superfície, contribuindo assim para uma melhor compreensão da dinâmica do ozono estratosférico.
O êxito no cumprimento do protocolo de Montreal bem como a crescente preocupação com o aquecimento global (enquanto aspeto mais mediático das alterações climáticas devido ao aumento dos combustíveis fósseis), contribuíram para uma diminuição do atenção à questão do ozono estratosférico; consequentemente, verificaram-se reduções significativas do financiamento dos programas de monitorização do ozono na última década ficando, por isso, inoperativos muitos dos espectrofotómetros, quer em Portugal quer no resto do mundo.
No entanto, a monitorização atmosférica continua a ser necessária para acompanhar a evolução do ozono na estratosfera e, consequentemente, verificar se as medidas que foram tomadas para a redução das substâncias que o destroem foram realmente bem-sucedidas.
Há três anos, o IPMA retomou o programa de observações de ozono em Lisboa com o espectrofotómetro Dobson e na ilha Graciosa com o espectrofotómetro Brewer.