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Reclamações contra a AIMA duplicam no segundo trimestre

Nos primeiros seis meses do ano, foram registadas mais de mil queixas contra a AIMA. Segundo os dados do Portal da Queixa, o número de reclamações duplicou do primeiro trimestre para o segundo trimestre de 2025. O atendimento inadequado e ineficiente; falhas técnicas e operacionais e atrasos em processos ou documentos continuam a ser os principais problemas da agência, originando quase 75% dos casos denunciados.

Durante o primeiro semestre, foram registadas 1.117 reclamações dirigidas à AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo), um número que revela um crescimento contínuo das queixas ao longo dos meses, e a agudização da insatisfação dos cidadãos estrangeiros.

A variação mensal ao longo do ano mostra um aumento acentuado especialmente nos meses de abril, maio e junho, com picos de 225, 275 e 249 reclamações, respetivamente. Além disso, a comparação entre o primeiro e o segundo trimestre de 2025, revela um aumento superior a 100% nas reclamações (103,5%), passando de 368 para 749 ocorrências.

Os principais motivos das reclamações refletem as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos: atendimento inadequado ou ineficiente (31,07%), falhas técnicas e operacionais (26,23%), atrasos em processos e documentação (17,46%), dificuldades de agendamento e contato (15,94%), além de problemas com pagamentos e transações (6,62%). Outros motivos reportados no Portal da Queixa incluem má conduta do pessoal e questões de segurança.

A página da AIMA no Portal da Queixa é reveladora da baixa performance do organismo na resposta aos problemas que lhe são reportados. Atualmente, apresenta um índice de satisfação pontuado em 18.1 em 100, regista uma taxa de resposta de 13.1% e uma taxa de solução de 13.8%. 

Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa, comenta: “O aumento de mais de 100% nas reclamações no segundo trimestre de 2025 revela um problema grave, crônico e estrutural. Um serviço público não pode falhar de forma tão sistemática e desvalorizar o sofrimento de quem dele depende. Quando o presidente da AIMA desvaloriza as reclamações, ignora o impacto humano dessas falhas. O Estado tem a obrigação de ser exemplar e o silêncio diante de atrasos e atendimentos ineficientes é um sinal de falta de compromisso com as pessoas.”

A análise demográfica mostra que a maior parte das reclamações vem de Lisboa (34,65%), seguida pelo Porto (17,91%) e Setúbal (10,47%). Quanto à faixa etária, a maioria dos que reclamam tem entre 25 e 34 anos (42,70%), e há uma leve predominância de mulheres (43,69%) em relação aos homens (56,31%).