Espetáculo “Rumor – À escuta da cidade” aborda os efeitos do turismo na região algarvia
“Rumor – À escuta da cidade. Um espetáculo sobre a mudança e os seus sinais no tempo” é a nova criação de Madalena Victorino e aborda o turismo e os seus mistérios, estando a estreia marcada para a próxima sexta-feira, 22 de novembro, com partida do Cais 3 – Gil Eanes, na zona ribeirinha de Portimão, seguindo para a Sociedade Vencedora Portimonense.
Em ano do primeiro centenário da cidade de Portimão, o espetáculo fala sobre o que está por baixo e em volta do desejo intenso de ir de férias, sobre a memória e o seu desaparecimento, e voltará a ser apresentado no sábado e domingo seguintes, 23 e 24 de novembro, englobando música, dança e palavra, com foco no fenómeno do turismo na região algarvia.
Segundo Madalena Victorino, “Rumor não será assim a coisa, mas a aparição do que se esfuma e se desintegra nela. Não será o lugar prometido e sonhado, mas o que se desvanece ao encontrá-lo, tal e qual como um rumor, restando apenas e hipoteticamente a redenção perante esse fenómeno.”
Também afirma que o espetáculo “passa pela euforia dos cruzeiros e da construção em massa e em velocidade, pela loucura que o próprio turismo encerra, pela arte popular que está em extinção, pela água e pelas marés, pelo alagamento das coisas, pelo desaparecimento da memória e também pela reflexão que devemos fazer acerca do que é que a gentrificação e o turismo trouxeram às terras dos muitos países que o planeta tem.”
“’Resulta de um trabalho de investigação, em tempo curto, sobre a perda da identidade dos lugares, precisamente, a partir do fenómeno do turismo que veio, de alguma forma, matar, e simultaneamente, salvar a região do Algarve”, afirma a autora, que deixa uma questão: “Como é que a identidade deste território foi transformada pelo turismo?”
Na sequência dessa pergunta, Madalena Victorino pretendeu explorar a problemática, “tanto no que diz respeito aos espaços naturais, como aos espaços urbanos que foram transfigurados à medida e ao sabor exatamente do turismo, refletindo simultaneamente sobre aquilo que o Algarve foi e o que se foi perdendo.”
“Olhamos com cuidado e, ao mesmo tempo, com ironia e sentido de análise, todo este caminho que o Algarve tem vindo a fazer, assim como os seus habitantes e todos aqueles que vieram atrás do sonho algarvio, para podermos pensar o futuro e de como encará-lo a partir desta derrocada do sistema que começa a avizinhar-se e perante a qual é urgente revitalizar o pensamento e a ação sobre a germinação de novas realidades”, explica a criadora.
O espetáculo, que integra a programação artística criada pela Lavrar o Mar – Cooperativa Cultural para a celebração do centenário de elevação de Portimão a Cidade, ao abrigo de uma parceria estabelecida com o Município local, tem a participação de oito pessoas da comunidade de Portimão, alem do Rancho Folclórico da Figueira, é recomendado para maiores de 12 anos e os ingressos custam 5 euros (preço único), podendo ser adquiridos no site https://portimao.bol.pt