Cultura

Arte Larga começa a recordar a mestria de José Sabino

Foi inaugurada no final da semana passada a terceira edição do evento Arte Larga, uma iniciativa do Município de Olhão que decorre no Auditório Municipal Maria Barroso e se prolonga até 17 de novembro. O primeiro dia foi feito de homenagens e emoções, tendo o pintor olhanense José Sabino, falecido em 2023, voltado a ‘mostrar’ a sua arte através da exposição dos seus trabalhos – foi inaugurada a exposição “Sabino” – e dos testemunhos de muitos amigos.

José Sabino foi uma personalidade incontornável da história de Olhão. Tocou muitos dos seus conterrâneos das mais variadas formas. E isso ficou provado durante a abertura da exposição que lhe presta homenagem. Inaugurada pelo presidente do Município de Olhão, António Miguel Pina, e pelas filhas Natacha Sabino e Bárbara Sabino, foram muitos os momentos de cumplicidade e admiração testemunhados, ao som do piano interpretado por Mário Fernandes.

“José Sabino foi um amigo com quem partilhei boa parte da vida, de quem tenho muitas saudades”, testemunhou o autarca olhanense, visivelmente emocionado, durante a inauguração da exposição “Sabino”. “O José Sabino marcava a diferença e posso dizê-lo sem receio: foi uma das grandes personalidades de Olhão. Tive a sorte de encontrar este amigo, que me marcou muito”, acrescentou ainda o edil olhanense.

As filhas de José Sabino, Bárbara Sabino e Natacha Sabino, agradeceram a presença dos amigos nesta homenagem, tendo Bárbara testemunhado que “esta mostra é apenas uma pequena parte do que o meu pai era, pelo menos para mim”. Testemunhou que José Sabino era “uma pessoa de extremos, não tinha meio termo. Precisei de muitos anos para o entender”, explicou.

No espaço contíguo à galeria do Auditório, estão patentes duas exposições multimédia que também fazem parte desta homenagem: uma dos alunos da Escola Secundária Francisco Fernandes Lopes, onde José Sabino, lecionou e outra dedicada ao mar e à faina, que muito dizia ao artista olhanense, uma vez que o seu pai foi mestre de pesca e dele falava com muito orgulho.

Neste primeiro dia em que se celebrou a cultura em Olhão, houve ainda oportunidade para assistir ao filme de Miguel Munhá “Hei-de morrer onde nasci”, que retrata a história de dois irmãos naturais da ilha dos Hangares que lutam por sonhos diferentes. A curta-metragem, filmada em Olhão e nas ilhas dos Hangares, Culatra e Farol, conta com a participação de vários residentes, entre eles José Sabino.

A noite chegou com a inauguração da exposição de fotografia “Lumina”, do olhanense David Afonso, no exterior do Auditório Municipal, seguindo-se o bailado “Murmúrios de Pedro e Inês”, pela Companhia Dança em Diálogos.

Arte Larga continuou no sábado com muitas mais iniciativas: a apresentação do livro “Veneza de tédios”, de Pedro Jubilot, a apresentação da coleção de 12 postais fotográficos de Luís Torres, teatro com “Branca Gil – Monólogo da Feiticeira de Gil Vicente, por Alexandre Lopes, a apresentação do livro de Cátia Guerreiro “A Escravidão do Século XXI”, o concerto “And all that jazz”, por Jaya Girão e Francisco Sassetti.

Ao início da noite de sábado, houve degustação de xarém, o Baile dos Candeeiros, pela Radar 360º e o concerto de Pedro Abrunhosa e Comité Caviar. Ontem, domingo, Arte Larga levou ao Auditório Municipal Maria Barroso a palestra “azulejos de Jorge Rey Colaço em Olhão: Casa Baeta e bancos Jardim Pescador Olhanense, por Cláudia Emanuel e um espetáculo de cabaret intitulado “Operatease”, com as participações de Francisco Sassetti, Alexandra Bernardo, Jaya Girão, Mariana Siza Vieira e Mónica Pedroto.

O Arte Larga continua amanhã, terça feira, às 18:30, no Auditório Municipal Maria Barroso, com o espetáculo de dança “Onde o vento não sopra”, pela Companhia de Dança Contemporânea de Angola e às 21:30 é exibido o filme “Memória”, que retrata o amor na doença psiquiátrica.