Cultura

Portimão em contagem decrescente para a recriação da descarga da sardinha

A marcar o arranque da 28ª edição do Festival da Sardinha, o Município de Portimão, através do Museu da cidade, realiza na manhã de 30 de julho mais uma recriação da descarga da sardinha no cais, para a qual todos estão convidados, dos residentes aos turistas, que assim poderão viver a atmosfera vibrante da lota, numa experiência cultural autêntica e envolvente.

Entre as 10h30 e as 12h00, recordar-se-ão no Cais Gil Eanes os tempos de chegada da sardinha da faina à zona ribeirinha de Portimão, com a acostagem das embarcações, azáfama característica da antiga lota, na qual participarão sete dezenas de elementos das associações locais e voluntários, recorrendo a trajes, dizeres e meios de transporte da época, e que desde 8 de julho vêm ensaiando no espaço do Museu de Portimão sob encenação do conhecido ator Vítor Correia, para que a recriação seja memorável.

Serão utilizados na recriação 500 quilos de sardinha fresca, comprada em lota no próprio dia pelo parceiro Docapesca – Portos e Lotas S.A. e ofertada à organização, que distribuirá pelos espetadores 3.000 senhas de degustação gratuita, dando direito a duas sardinhas no pão e uma bebida, a usufruir de 30 de julho a 4 de agosto num dos cinco espaços de restauração dinamizados no recinto do festival pelo associativismo local.

A recriação recorda uma atividade bastante pitoresca, que se perdeu desde que o porto de pesca transitou para a margem oposta do Rio Arade, tendo recebido em 2020 uma menção honrosa por parte da APOM – Associação Portuguesa de Museologia, na categoria “Inovação e Criatividade”.

Viagem imersiva no tempo

A iniciativa visa evocar atividades históricas da lota do cerco, destacando a chegada do barco carregado de sardinha, anunciada pela sirene que chamava os compradores. Seguia-se o leilão “à boca” da sardinha, uma ladainha cantada de números por ordem decrescente, interrompida com a ordem de compra “Chui!”.

Após o leilão, o peixe era descarregado em caixas para ser gelado ou salgado e transportado em bicicletas, carrinhas, triciclos e motorizadas para o seu destino, enquanto crianças desviavam sardinhas, gerando algazarra com mergulhos no rio.

A dinâmica da lota e do cais era considerada um espetáculo para locais, curiosos e turistas, sendo a chegada da traineira acompanhada pelo bote com o homem que baldeava a embarcação, vendendo o “peixe da companha” de contrabando na muralha.

Os compradores, obedientes ao som da sirene, dirigiam-se ao pontão para avaliar a qualidade do peixe, consistindo o leilão na venda “à boca”, cantada pelo vendedor até o comprador dar a ordem de compra.

Todo esse ambiente de lota, com as suas dinâmicas e interações, atraía curiosos e turistas, proporcionando o convívio entre protagonistas e mirones, especialmente quando descarregadores de peixe assavam sardinhas para o almoço e convidavam os visitantes a provar esta iguaria tão típica da região.

Esta reconstituição histórica é um exemplo vivo de património turístico-cultural para a memória coletiva e da identidade portimonense, cuja preservação – através da encenação da descarga da sardinha – também tem o objetivo de dinamizar o espaço da zona ribeirinha de Portimão, contribuindo paralelamente para o desenvolvimento da iniciativa local, da importância do turismo cultural e da valorização do património monumental.

Animação para todos

De referir que nesse mesmo dia, 30 de julho, a partir das 18h00, tem lugar a abertura oficial da 28.ª edição do popular festival que, até 4 de agosto, leva a Portimão a saborosa sardinha assada, os petiscos e a doçaria, sem esquecer o artesanato e muita animação, estando o palco principal a cargo dos seguintes cabeças de cartaz: Áurea (30 de julho), Sara Correia (31 de julho), Anjos (1 de agosto), Richie Campbell (2 de agosto), Marisa Liz (3 de agosto) e Delfins (4 de agosto).

Toda a informação relativa à edição deste ano do Festival da Sardinha pode ser consultada no site oficial do evento, em www.festivaldasardinha.pt