O cineteatro louletano propõe Maria João, Mário Laginha e a brigada Victor Jara mas a música é apenas uma das muitas notas da programação
Em outubro, a música é uma das tónicas da programação do Cineteatro Louletano, mas não vem sozinha: também há teatro, dança, ilustração, cinema, documentários e performances. Destaque ainda para dois festivais: os “encontros do DeVIR”, organizado pela DeVIR/CAPA, e o “Festival Política 2023”, que este ano se divide entre Lisboa, Braga, Coimbra e Loulé.
O mês arranca com o final de um outro festival, o Festival Corpo de Hoje, dedicado em boa parte à dança e à performance, mas que inclui também o teatro. E neste caso, é de teatro físico que falamos, no dia 1 de outubro, às 11h00, com “Catadupa”, uma performance de teatro físico e música de Rita Rodrigues e Ricardo Lopes, no Parque Municipal de Loulé e no Tempo das Artes (CECAL). Em “Catadupa”, dirigida a crianças e famílias, o público é recebido por um grupo de hospedeiros com uma mensagem de boas-vindas e indicações a seguir durante a performance. Daí serão conduzidos por um caminho repleto de saberes que culmina num espaço interior: Dona Odete, através de ações musicadas ao vivo, passa por um processo em que sai dos seus hábitos rotineiros e dá espaço à entrada de algo novo na sua vida, num momento simultaneamente festivo e gastronómico.
Também no dia 1, domingo, mas às 17h00, no Cineteatro, uma encomenda que não vai querer perder no Dia Mundial da Música: são os Expresso Transatlântico, que darão em Loulé o primeiro concerto do seu álbum de estreia, “Ressaca Bailada”. O grupo junta duas guitarras, elétrica e portuguesa, e ainda bateria. A guitarra portuguesa está nas mãos de Gaspar Varela, ele que acompanhou a tour de Madonna nos Estados Unidos da América. A sua incursão pelos “States”, colaborando em simultâneo na criação de novas músicas com os seus “companheiros de viagem sonora”, acabaria por ajudar ao nome da banda – Expresso Transatlântico.
De 6 a 8 de outubro, surge a 2ª edição do “Festival Amostra”, uma coprodução no âmbito das artes performativas dirigida essencialmente a programadores, mas que também inclui sessões para escolas. Decorre no Cineteatro Louletano, no Palácio Gama Lobo e no Tempo das Artes. Em 2023, a “Amostra” inclui de novo um encontro em que artistas, público, programadores e outros agentes culturais se tornam parte de um projeto coletivo de sensibilização para a Cultura.
No dia seguinte, a 9, às 21h00, no Auditório do Solar da Música Nova, há cinema com “El Clavel Negro” (2007), de Ulf Hultberg, numa parceria com a Casa da América Latina. O filme é baseado na vida do embaixador sueco Harald Edelstam e na sua luta para ajudar os refugiados chilenos. Durante o terror causado pelo golpe de Estado, Edelstam luta pelos direitos humanos, justiça e dignidade.
Também a 9 de outubro, e até dia 13, o Palácio Gama Lobo acolhe uma residência coproduzida pelo Cineteatro Louletano. Trata-se de “Belongingness”, um projeto artístico que parte da metodologia de trabalho de Raquel André – encontrar pessoas e contar as histórias desses encontros – para criar narrativas que complexificam a ideia de identidade e pertença.
No dia seguinte, dia 10, às 21h00, um concerto único de uma formação icónica em Portugal. É a Brigada Victor Jara, que vem a Loulé em parceria com a Casa da América Latina. Pioneiros na valorização e divulgação da música tradicional há mais de 40 anos, o coletivo Brigada Victor Jara é uma referência incontornável da música portuguesa, pelo seu importante legado patrimonial na defesa da memória cultural do nosso cancioneiro.
Também às 21h00, mas no Auditório do Solar da Música Nova, a proposta é cinema, em francês, com “Ibrahim” (2020), uma comédia dramática de Samir Guesmi. Uma estória forte e divertida sobre família, juventude, criminalidade e redenção.
A 13 de outubro, arranca com uma estreia o festival “encontros do DeVIR”, organizado pela DeVIR/CAPA e coproduzido pelo Cineteatro Louletano. “De onde vimos? Para onde vamos?” é o mote da edição deste ano, que inclui dança, teatro, escrita, documentário e ilustração. O primeiro espetáculo para o público em geral decorre às 21h00, no Cineteatro Louletano, mas há sessões para as escolas secundárias a 12 e a 13, às 10h30.
No dia 14, sábado, às 21h00, o Cineteatro Louletano recebe Maria João e Mário Laginha, num concerto que junta dois enormes talentos da música jazz (e não só) em Portugal. Há mais de duas décadas que ambos mantêm uma cumplicidade invulgar, tendo acumulado centenas de concertos a nível internacional e mais de uma dezena de discos aclamados pela crítica e pelo público.
No domingo, dia 15, às 11h30, no Cineteatro Louletano, o regresso dos Concertos Promenade, com a Orquestra do Algarve (OA). Desta vez com um concerto que é um best of dos últimos 300 anos, com algumas das melodias clássicas ou eruditas mais belas de sempre. Uma mistura de Bach, Mozart e Beethoven trocada por miúdos, para toda a família, dirigida pelo maestro residente da OA, Martim Sousa Tavares e apresentada, como sempre, pelo barítono e mediador Rui Baeta.
Também a 15, mas à tarde, no Auditório do Solar da Música Nova, um concerto internacional com as “Faya Music”, um trio que reúne três instrumentistas que venceram em 2019 o Creole Global Music Award em Berlim. O concerto, organizado pela Associação Folha de Medronho, junta Itália, Espanha e Alemanha (as nacionalidades das instrumentistas), misturando guitarra, cajón, violino, viola, flauta e kashaka, numa viagem inspirada por estilos tradicionais como o pólo venezuelano, a música carnática indiana ou o landó peruano, entre outros.
A 16 de outubro, pelas 14h30, o Teatro Nacional D. Maria II convida todos os interessados a uma formação de Planeamento de Produção e Iniciação ao Software de Gestão de Equipas, numa ação dirigida sobretudo a profissionais de equipamentos culturais ou ligados às áreas da produção. Esta formação, dada por André Pato, explora o papel da Direção de Cena como elo entre as várias equipas artísticas e técnicas, reforçando a antecipação e o planeamento, o envolvimento nos processos criativos e a comunicação integrada entre todas as áreas. Decorre no Palácio Gama Lobo, em Loulé, e tem uma duração de 180 minutos. As inscrições deverão ser feitas através do site www.tndm.pt até 9 de outubro.
Na quinta-feira seguinte, 19 de outubro, e até dia 21, Loulé recebe o “Festival Política”, que à semelhança do ano passado traz teatro, cinema, espetáculos, música, humor, conversas e instalações, com algumas sessões dirigidas às escolas do concelho. Este festival, que passou por Lisboa em abril e inclui também Braga e Coimbra, traz a Loulé uma conversa cantada com “A Garota Não”, bem como uma estreia no Algarve, os “Prémios Monstros do Ano. Edição quase quase política”, apresentados pelo locutor e humorista Fernando Alvim.
Destaque ainda para a estreia da peça “Sobre Rosas e Margaridas”, produzida pela Folha de Medronho, interpretada pelo grupo brasileiro Oi Nois Aqui Traveiz. Para ver no Cineteatro Louletano, no dia 19 às 21h00, com sessão para escolas a 18.
O festival inclui ainda um filme que poderá ser “visto” por cegos, já que terá Audiodescrição, no dia 21 e, entre outras atividades, uma visita guiada à parte judaica da cidade de Loulé. O “Política” terá no Cineteatro o epicentro das atividades, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa e que irão decorrer em vários locais da cidade.
A 21 de outubro, um outro regresso, o dos concertos Crescendo. Para ver e ouvir nos terceiros sábados de cada mês, mas agora às 11h30.
Os Crescendo são uma forma de entrar em contacto com o mundo da Música Clássica (ou Erudita), através das exibições que os alunos do Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado asseguram no Auditório do Solar da Música Nova.
A 22, no Cineteatro Louletano, um megaconcerto para quem gosta de rock: são os Linda Martini, uma banda icónica da cena musical portuguesa. Os Linda Martini trazem a Loulé o espetáculo “20 anos de Merda & Ouro”, para comemorar duas décadas de estrada e de discos.
A 23, outra ação de formação, dentro do programa Nexos, promovido pelo Teatro Nacional D. Maria II. A ação insere-se na tournée do D. Maria II pelo país, a Odisseia Nacional e desta vez incide sobre públicos com necessidades específicas. A formação, dada por Maria Vlachou (Acesso Cultura) e Rita Pires dos Santos, é às 14h30 no Palácio Gama Lobo, e foca-se não só nas barreiras físicas que se apresentam às pessoas com necessidades específicas, mas também nas formas de transformar os espaços e as atividades culturais mais acessíveis a todos, nomeadamente através da introdução de interpretação em Língua Gestual Portuguesa (para Surdos) e de Audiodescrição (para cegos ou pessoas com deficiências de visão).
De 23 a 27, decorrerá na Escola Secundária de Loulé a oficina “Noite de Verão II”, pelo Teatro Nova Europa, integrada na coprodução da peça de teatro com o mesmo nome, atividade que se desenrola na área da Interpretação e Coreografia. Este evento será também de criação, apoiando a peça “Noite de Verão” (28 de outubro), e refletindo sobretudo as aspirações e preocupações dos teenagers.
A 25, às 21h00, mais um espetáculo do festival DeVIR, uma estreia “4 em 1” que inclui dança, escrita, ilustração e um documentário. Tal como na primeira volta, a 12 e 13, também desta feita há sessões para jovens, a 24 e a 25, às 10h30, para as escolas secundárias do concelho.
Sábado, 28, o Cineteatro apresenta a coprodução “Noite de Verão”, uma peça pelo Teatro Nova Europa que pretende essencialmente refletir os sonhos e as preocupações dos jovens, integrando os no elenco os jovens participantes da oficina já referida. “Na verdade, atravessaram duas crises assimétricas em dez anos: a financeira e a pandémica. Aparentemente, falam de coisas banais, leves. Mas o que realmente querem dizer, aquilo de que verdadeiramente falam, voz e corpo, é sobre as suas ansiedades e os seus medos”, diz o encenador, Luís Mestre.
E a fechar o mês com chave de ouro, a 31 de outubro, outra peça de teatro intensa e atual, porque trata de família, de autoridade, de relações parentais e religião. “José, o Pai”, de Elmano Sancho, é uma coprodução que envolve seis instituições nacionais, entre elas o Cineteatro Louletano, o Teatro Nacional de São João, o Teatro da Trindade e o Teatro das Figuras. Eis por que, na visão do encenador, vale a pena conhecer “José, o Pai”: «As ficções dramáticas sempre se interessaram pelas famílias infelizes, basta lembrar os Átridas. Talvez porque, parafraseando Tolstoi, as famílias felizes nada têm de particular, ao passo que cada família infeliz é infeliz à sua maneira. “Crise” e “incomunicação” são palavras–chave para acedermos a “José, o Pai”», adianta. Esta peça, que fecha o mês de outubro, é o último capítulo (depois de “Maria, a Mãe e de Jesus, o Filho”) da trilogia “A Sagrada Família”, projeto de longo curso de Elmano Sancho.
Com uma programação de referência (que pode consultar no site e nas redes sociais do Cineteatro), recorde-se que o CTL está credenciado pela Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, integrando ainda a Rede de Teatros com Programação Acessível e proporcionando espetáculos com interpretação em Língua Gestual Portuguesa para Surdos (com “S” maiúsculo são falantes de Língua Gestual Portuguesa) e outros com Audiodescrição, para pessoas cegas ou com deficiência visual.
O CTL é uma estrutura cultural da Câmara Municipal de Loulé no domínio das artes performativas, e um dos promotores da Rede Azul – Rede de Teatros do Algarve e da Rede 5 Sentidos.