O que têm em comum Beethoven, o lobo mau e um contrapeso?
Em dezembro, há muita coisa a acontecer e existe um ponto em comum: o Cineteatro Louletano.
O mês arranca com o Festival Contrapeso, uma organização da Associação Mákina de Cena, sedeada em Loulé, coproduzida pelo Cineteatro Louletano. Esta segunda edição do festival, que decorre propositadamente na época baixa, tem um caráter internacional, com múltiplos convidados na área da música jazz, do teatro e da performance, vindos de França, Escócia, Coreia do Sul e Austrália, entre outros países. O festival começa no dia 1 e estende-se até dia 4, com espetáculos no Cineteatro Louletano, no Auditório do Solar da Música Nova e claro, na Casa da Mákina, perto da Igreja de São Francisco, em Loulé.
A 4 de dezembro, o Cineteatro acolhe à noite um documentário, o primeiro filme da jornalista Sofia Pinto Coelho, intitulado “Daniel e Daniela”. Uma obra sobre um pai – Daniel, de 83 anos – que leva a filha Daniela, de 12, numa viagem às suas origens em Cabo Verde, passando por São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. A entrada é gratuita.
No dia 7, sessão para escolas, com “Eu Cá Tu Lá”, uma peça que resultou de uma residência do Festival Verão Azul em Loulé, e que incluiu alunos do Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado. “Eu Cá Tu Lá” parte de gravações sonoras de palavras retiradas de discursos motivacionais, de tutoriais de Youtube ou até de um anúncio de um prémio de lotaria, explorando a beleza e o poder da oralidade.
No dia 9, a ACTA traz a Loulé “Pedras com Asas”, numa reinterpretação livre de “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, com Carolina Teixeira e Carlos Pereira, numa encenação de Luís Vicente com texto de Alexandre Honrado. A sessão, às 21h00, terá serviço de Audiodescrição, para pessoas cegas e com baixa visão.
Nos dias 13 e 14, chega a Loulé, numa versão para as escolas do concelho, a ópera internacional “A Menina, o Caçador e o Lobo”, de Vasco Mendonça, com textos de Gonçalo M. Tavares e colaboração da realizadora Inne Goris. A direção musical é de Jan Wierzba, com Frank Van Eycken na percussão, Nico Couck na guitarra elétrica, Yuko Fukumae no clarinete e Seraphine Stragier no violoncelo. As vozes são de Lara Rainho (soprano), Mariana de Sousa (mezzo-soprano) e Logan Lopez Gonzalez (contratenor). A ópera tenta reescrever a estória do Lobo Mau, alterando a perceção que temos sobre um dos vilões mais conhecidos internacionalmente. “A Menina, o Caçador e o Lobo” inclui um ensaio aberto para os alunos do Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado, no dia 13.
No dia 15, regressam as “Conversas à Quinta”, no Bar do Cineteatro Louletano, com “Beethoven, o Revolucionário”. Conversa às 21h00 com o contrabaixista internacional Carlos Bica, o saxofonista Daniel Erdmann, o DJ Illvibe e o acordeonista João Barradas. A moderação estará a cargo do pianista Sérgio Leite, diretor do Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado. Carlos Bica estará em Loulé para apresentar uma encomenda do Cineteatro Louletano, intitulada “Playing with Beethoven”. O concerto deste quarteto de luxo – marcado para dia 17, às 21h00 – esteve agendado para 2020, ano em que se celebraram os 250 anos do nascimento do compositor germânico. A pandemia e questões de agenda adiaram-no para 2022. A 17 de dezembro de 2022, Beethoven faria 252 anos, uma idade algo avançada. A sua música, no entanto, permanece não só viva como extremamente criativa e, num certo sentido, atual, continuando a ser reproduzida e reinterpretada em todo o mundo.
Convém não esquecer, para quem gosta de música clássica – e não só – que no mesmo dia, mas um pouco antes, às 17h00, há mais um concerto do ciclo “Crescendo”, organizado pelo Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado, no Auditório do Solar da Música Nova, com a participação dos alunos da instituição.
E no dia seguinte, a 18, mas em Quarteira, a Igreja de São Pedro do Mar recebe a Orquestra Clássica do Sul, para mais um tradicional concerto de Natal às 16h00. Neste concerto, de entrada gratuita, dirigido pelo maestro Pablo Urbina e que conta com a participação do Coro Comunitário da OCS (coordenado pelo barítono Rui Baeta), a Orquestra traz-nos Samuel Coleridge-Taylor, Handel e Elgar, entre outros compositores, incluindo ainda várias canções que se tornaram célebres nesta época natalícia.
E por fim, para entrar com o pé direito em 2023, e mantendo uma vez mais uma tradição que se quer viva, a Orquestra Clássica do Sul traz a Loulé os Concertos de Ano Novo, já em janeiro. Para ver e ouvir no dia 1, às 16h00 e às 18h00.
Nestes concertos, parte-se à descoberta de várias danças do mundo: a mais famosa valsa de todos os tempos, que evoca a presença do belo e azul rio Danúbio, mas também incursões por outras latitudes como o chorinho ou o lundu do Brasil, as czárdas da Hungria, as danças rápidas da Roménia, o colorido da dança em Espanha, o frenesim da França fin-de-siècle ou a melancolia de uma valsa russa. A direção e apresentação estarão a cargo do maestro Tiago Oliveira.