Saúde

Serviço nacional de saúde reforçado em Loulé com edifício inovador de 5 milhões de euros

A saúde pública no Algarve deu hoje um passo significativo com o lançamento da primeira pedra de um novo edifício em Loulé, um investimento que ronda os 5 milhões de euros e que trará algumas novidades à região, robustecendo os cuidados de saúde no concelho de Loulé.

O projeto do novo edifício de serviços de saúde que será erguido ao lado do atual Centro de Saúde, servindo de apoio a este e permitindo a sua ampliação, nasce de um concurso público de ideias lançado pela Autarquia de Loulé. O espaço terá quatro valências distintas, divididas por dois pisos, interligadas mas com circuitos independentes.

No rés-do-chão, numa zona mais pública e com acesso facilitado, contará com a Unidade de Saúde Familiar “Lauroé”, atualmente a funcionar em contentores junto ao Pavilhão Municipal, destinada a 14 mil utentes, mas também a Unidade de Cuidados para a Comunidade “Gentes de Loulé”, para 70 mil utentes. Já no piso superior, irá agregar as instalações do Agrupamento Central de Centros de Saúde do Algarve – ACES Central e a sua sede – que transitará der Faro para Loulé -, bem como um Centro de Saúde Universitário.

Este último reveste-se de especial importância já que terá um carácter inovador em todo o País. Destinado ao ensino pré e pós-graduado, projeta-se para aqui um espaço onde os profissionais poderão ensinar em todas as áreas da saúde, seja ao nível da medicina ou de outras profissões. Estes serviços funcionarão em articulação com a Faculdade de Medicina da Universidade do Algarve, mas para além da UAlg poderá integrar alunos de outras academias para estágios ou profissionais que se encontrem a fazer a sua especialização.

Como explicou Vítor Aleixo, “este vai ser, senão o primeiro, dos primeiros centros de saúde em Portugal com esta valência”. Isto implica que os cuidados de saúde aqui prestados passem a ser certificados, e como tal, “objeto de uma maior exigência”, salientou.

No cômputo geral, o espaço do edifício será organizado “com grande flexibilidade” até porque permitirá que, em termos futuros, sejam realizados ajustamentos em termos da compartimentação interior. Por outro lado, o estacionamento na zona exterior do atual Centro de Saúde será reforçado e a circulação reformulada com uma nova rua e um novo acesso a Norte.

E se em tempos foram amplamente divulgadas na comunicação social e redes sociais imagens das más condições existentes no Centro de Saúde de Loulé, o autarca Vítor Aleixo sublinhou a importância desta obra no futuro dos serviços aqui prestados.  “Não só pelo número de gabinetes médicos mas pelas condições de atendimento dos doentes. Os profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, pessoal administrativo, pessoal de limpeza, todos eles vão ter condições mais dignas para executarem o seu trabalho, e os utentes irão beneficiar de tudo isso, a qualidade de serviço irá aumentar”, assegurou.

Durante o seu discurso, Vítor Aleixo recordou os vários intervenientes neste projeto, nomeadamente a ex-secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, que homologou a obra, mas também os médicos Carlos Sousa e Rui Lourenço, este último antigo presidente da ARS que celebrou, em 2010, um protocolo com a Autarquia, e que está na génese desta obra. Um documento que foi retomado em 2016, com a mudança do executivo municipal e governamental, para um projeto que só agora começa a ver a luz do dia. “É uma obra há muitos anos desejada, durante muitos anos trabalhada, que teve que ultrapassar vários obstáculos, alguns de natureza burocrática, a conjugação e vontades dos diferentes decisores”, referiu o edil.

Mas se esta é seguramente a maior obra projetada para o concelho, o autarca relembrou que outras intervenções estão a ser realizadas na área da saúde neste território. Em Quarteira, numa altura em que está a acontecer uma intervenção, “com dispositivos provisórios”, na extensão do Centro de Saúde, o crescimento da população e o consequente aumento dos utilizadores de serviços prestados pelo SNS antevê a necessidade de “projetos muito ambiciosos” para esta freguesia. A Cãmara está, por isso à procura de uma localização para um novo equipamento em Quarteira.

Já em Almancil, será inaugurada em breve a obra de ampliação do Centro de Saúde, com a criação de mais 8 gabinetes médicos, no 1º andar do edifício da Junta de Freguesia.

Ainda em Loulé, a par da obra hoje lançada, o autarca anunciou ainda que o executivo “irá trabalhar para ter um projeto de recuperação da Unidade de Saúde Familiar ‘Serra Mar’”, serviço que funciona no edifício existente.

Relativamente às transferências de competência na área da saúde da administração central para a local, Vítor Aleixo assegurou que “em Loulé, os centros de saúde vão andar mais cuidados, mais arrumados, mais equipados”.

Do lado da ARS, o presidente Paulo Morgado  disse que, quando estiver concluído, este equipamento poderá “servir mais pessoas, com mais qualidade, e ter mais profissionais a trabalhar aqui”.  “Nos centros de saúde do futuro iremos não só contratar mais profissionais como pôr mais serviços nos centros de saúde, vamos ter mais análises, mais exames complementares de diagnóstico que neste momento praticamente não existem, e para isso precisamos de espaço… Se eu quiser ter mais psicólogos, mais dietistas, mais terapeutas ocupacionais ou da fala, tenho que ter gabinetes para eles trabalharem”, adiantou.

Da parte do Município nada faltará para atrair para aqui mais profissionais de saúde e é também a pensar neles que a Autarquia desenvolveu uma Estratégia para a Habitação, que tem neste momento em marcha vários projetos de fogos de habitação no concelho. 

Recorde-se que a obra do novo edifício de saúde de Loulé terá um investimento que ronda os 5 milhões de euros, 65% a cargo da Câmara e 35% a cargo do Ministério da Saúde através da ARS. O prazo de execução previsto é de 900 dias.