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“Condomínio da aldeia” na Quintã vai tornar território da Serra do Caldeirão mais resiliente

O lugar da Quintã é o ponto de partida de implementação do “Condomínio da Aldeia” no concelho de Loulé, um projeto financiado pelo Fundo Ambiental que pretende tornar a presença humana em espaço rural mais resiliente e mais segura face aos incêndios florestais e à ameaça das alterações climáticas. Esta iniciativa de apoio a aldeias localizadas em áreas de floresta foi apresentada na passada sexta-feira, como mais uma medida integrada na política ambiental do Município

Num terreno de 8 hectares, nesta pequena localidade com apenas 8 habitantes, na freguesia de Salir, em plena Serra do Caldeirão, a intervenção teve um duplo pressuposto: criar uma área de proteção através dos mosaicos e efetuar ações de plantação, como sublinhou o vereador Carlos Carmo.

No local, área florestal transformada agora num sistema agroflorestal e de pastagens, foram plantadas 490 árvores de espécies autóctones, entre as quais pomares mistos constituídos por medronheiros, alfarrobeiras, oliveiras, romãzeiras, figueiras e ameixeiras. Na galeria ripícola instalaram-se freixos por forma a controlar as invasoras.

Procurou-se, assim, assegurar em simultâneo e de modo sustentável a manutenção da zona, procedendo ao restauro e requalificação da envolvente de forma a promover o mosaico mediterrânico – resiliente a incêndios rurais – de proteção à volta deste aglomerado, criando ao mesmo tempo um aumento e valorização da biodiversidade local.

Como adiantou Carlos Carmo, esta candidatura não previa um plano de manutenção do local. No entanto, e uma vez que as equipas de Intervenção Florestal e Sapadores Florestais do Município, em conjunto com a Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão – o principal parceiro deste “Condomínio” -, irão fazer a monitorização do projeto, ficarão igualmente responsáveis pelas ações de manutenção no local.

“No nosso concelho há uma freguesia identificada na legislação pela vulnerabilidade do seu território em termos de perigosidade de incêndio rural, Salir, e foi por isso que apresentámos esta candidatura, que envolveu um financiamento de cerca de 15 mil euros”, adiantou o vereador com o pelouro do Ambiente e da Proteção Civil. Depois da Quintã, a Câmara de Loulé aguarda a aprovação de mais duas candidaturas, já numa segunda linha de financiamento do “Condomínio da Aldeia”, que terá um aumento da verba: Vale Maria Dias e Malhão, ambas na freguesia de Salir

Vítor Aleixo, presidente da Autarquia, falou da importância deste tipo de candidaturas para a concretização dos projetos ligados às áreas florestais: “Loulé tem know-how, tem densidade crítica, tem um ecossistema humano e técnico para lidar com esta problemática do mundo rural e da mudança climática”. O autarca destacou a Agenda da Sustentabilidade Biodiversidade, um dos dossiers que Loulé tem neste momento em mãos e que manifesta “uma grande ambição para o interior”, nomeadamente em projetos que têm a ver com a “transformação da paisagem, com a plantação de muitos milhares de árvores para capturar carbono da atmosfera ou com a recuperação das linhas de água (PERLA)”. Refira-se que o programa de transformação da paisagem que o Governo está a desenvolver desde os incêndios que fustigaram o País em 2017/18 assenta tem 4 medidas: reorganização e gestão da paisagem nos 20 territórios definidos como “vulneráveis” (um deles a Serra do Caldeirão); emparcelamento ou ordenamento dos terrenos abandonados; áreas de intervenção e gestão da paisagem; e os “Condomínios das Aldeias”.