Novo livro do CIAC da UAlg aponta para um hipotético futuro do cinema
The Forking Paths: Interactive Film and Media é o novo livro do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) da Universidade do Algarve e a versão eletrónica já se encontra disponível aqui no website do Centro. Contextualizando e repensando a jovem história do filme e dos media interativos, este livro aponta para um hipotético futuro do cinema.
O projeto The Forking Paths teve início em 2013, quando um grupo de investigadores do Centro encetou um processo de investigação teórico-prático na área da interatividade fílmica. Desde então, foram escritas dezenas de publicações científicas e foram produzidas quatro experiências fílmicas interativas que estiveram patentes em festivais internacionais de referência como o FILE, em São Paulo, no Brasil, ou o Script Road, em Macau, na China.
Em 2021, juntam-se aos investigadores do CIAC alguns dos maiores especialistas mundiais em filme e media interativos. O resultado é o livro The Forking Paths: Interactive Film and Media que revisita historicamente, socialmente, pedagogicamente e esteticamente os últimos 50 anos de interatividade audiovisual.
Claudia Giannetti dá-nos a conhecer os antecedentes e a evolução do audiovisual interativo desde o início dos anos 70 até à primeira década deste século. Jeffrey Shaw presenteia-nos com o texto visionário “Future Cinema”, escrito há precisamente 20 anos e agora revisto, que impressiona pela sua atualidade e pelo modo como remapeia e redireciona a história do cinema. Peter Lunenfeld, escreve sobre o projeto multimédia de imersão e pedagogia intitulado “Colloidal Suspension: Immersion and the Pedagogies of Making”. No capítulo “Remediation or specificity? Interactive digital narrative and other interactive forms as continuation or new beginning”, Hartmut Koenitz inaugura uma importante discussão em torno da questão do enquadramento conceptual de narrativas digitais interativas. Já o último capítulo, escrito pelos investigadores do CIAC Bruno Mendes da Silva, Mirian Tavares, António Araújo e Susana Costa, relaciona interatividade fílmica com o surrealismo e a perceção temporal, ao apresentar e contextualizar, na história do cinema e do filme interativo, a produção do último artefacto interativo do projeto Forking Paths: Cadavre Exquis, lançado em 2019.
Embora as questões morfológicas se mantenham inalteráveis, descobrem-se neste livro apontamentos que parecem indiciar uma possível evolução na sintaxe audiovisual, seja pela relatividade do conceito de plano, que passa de objetivo para subjetivo, seja pelas possibilidades de reinterpretação da ideia de sequência.
Com o advento da inteligência artificial, adivinha-se uma possibilidade de rompimento com a questão dos conteúdos pré-estabelecidos, relacionados com a imagem real, possibilitando o surgimento de uma nova geração de filmes interativos. Em breve, o espectador poderá ganhar poderes criativos que fogem do seu controlo e do controlo do autor original. Fala-se de uma geração de conteúdos imprevisíveis e do filme enquanto uma experiência audiovisual total.
A edição deste livro está a cargo do vice-coordenador do CIAC, Bruno Mendes da Silva, e do investigador Jorge Carrega.