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Presidência Portuguesa do Conselho da UE lança “Horizonte Europa” e reforça metas para mais inovação com mais investigação na Europa

O programa “Horizonte Europa” foi lançado esta terça-feira, 2 de fevereiro, contando com um orçamento de cerca de 95 mil milhões de euros para atividades de investigação e inovação no período 2021-2027 em toda a Europa.

O programa “Horizonte Europa” é o nono programa-quadro europeu de investigação e inovação, sucedendo ao programa “Horizonte 2020” (2014-2020), e será o maior programa alguma vez realizado na Europa. O seu lançamento pela Presidência Portuguesa do Conselho da UE é promovido juntamente com um processo de mobilização de toda a Europa para a sua articulação com fundos estruturais e, sobretudo, com os programas nacionais de recuperação e resiliência de cada Estado-Membro, em preparação no âmbito do programa “Next Generation EU, 2021- 26”.

Pretende-se que União Europeia venha a liderar a dupla transição verde e digital, em associação com uma recuperação resiliente, através de um Espaço Europeu da Investigação (European Research Area – ERA) renovado, através do aumento efetivo do investimento público e privado em I&D, designadamente no contexto da recente reafirmação pela Comissão Europeia da meta de 3% do investimento público e privado em I&D em termos do produto interno bruto, até 2030.

O “Horizonte Europa” está assim alicerçado em três termos de referência:

1. Excelência científica: desenvolvimento de competências e conhecimentos de qualidade no sentido de reforçar a liderança científica da União Europeia, com envolvimento de todas as regiões e de todos os cidadãos europeus; criação de novos mercados, condições laborais e competências, nomeadamente nos setores mais atingidos pelos impactos negativos da pandemia.

2. Desafios globais e competitividade industrial europeia: recursos naturais, mobilidade, alimentação, meios digitais e energia são alguns dos domínios que podem contar com um reforço na investigação sobre os desafios que enfrentam, bem como as tecnologias industriais associadas; é neste pilar que se prevê a criação de parcerias relacionadas com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050.

3. Europa inovadora e inclusiva: será estimulada a criação de carreiras profissionais, ligadas à investigação, nos setores público e privado, tornando-as mais inclusivas, nomeadamente para mulheres e minorias; pretende-se ainda fomentar ecossistemas de investigação e recrutamento, de modo a formar e reter talentos na Europa. Outros objetivos passam pela cooperação entre as agências nacionais de financiamento e a Comissão Europeia, contribuindo ainda para promover a criação de redes de“universidades europeias”.

O programa “Horizonte Europa” inclui quatro pilares de implementação:

Pilar 1: “Ciência de Excelência”, que apoiará a excelência científica em termos de Recursos humanos e infraestruturas, designadamente através do Conselho Europeu de Investigação (European Research Council – ERC), das Ações Marie Skłodowska-Curie (MSCA)assim como das Infraestruturas de Investigação (ESFRI).

Pilar 2: “Desafios Globais e Competitividade Industrial Europeia“, que apoiará atividades de investigação e desenvolvimento em seis áreas (ou clusters): 1) Saúde; 2) Cultura, Criatividade e Sociedade Inclusiva; 3) Segurança Civil para a Sociedade; 4) O Digital, a Indústria e o Espaço; 5) Clima, Energia e Mobilidade; 6) Alimentação, Bioeconomia, Recursos Naturais, Agricultura e Ambiente. O Pilar 2 inclui ainda, no âmbito destas seis áreas:

Missões de Investigação, em cinco áreas: 1) Investigação na área do cancro; 2) Investigação na área da adaptação às alterações climáticas, incluindo transformaçãosocietal;3)Investigação naáreadascidadesinteligentesecom impacto neutro no clima; 4) Investigação na área da produtividade dos solos e da alimentação; 5) Investigação na área dos oceanos, mares e águas costeiras e interiores saudáveis.

Parcerias institucionalizadas: orientadas para mobilizar os setores público e privado em áreas como a energia, os transportes, a biodiversidade, a saúde, a alimentação e a economia circular.

Pilar 3: “Europa Inovadora”, que apoiará as atividades de criação de novos mercados e as PME, incluindo os novos apoios a conceder no âmbito do novo Conselho Europeu de Inovação (EIC), o apoio aos Ecossistemas Europeus de Inovação (EIE) e ao Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT)A legislação do EIT foi revista recentemente, a 29 de janeiro, já no âmbito da Presidência Portuguesa, para vir a compreender uma ação mais inclusiva e aberta a toda a Europa e duas novas áreas de intervenção através de Comunidades de Conhecimento e Inovação (CCI), ou “Knowledge and Innovation Communities – KIC” (designadamente, oceanos indústrias criativas, para além das áreas iniciais de saúde, digital, energia, materiais clima).

Pilar 4: “Alargamento da Participação e Reforço do Espaço Europeu da Investigação”, incluindo o apoio ao alargamento da participação e ao reforço do Espaço Europeu da Investigação, através de um conjunto de diferentes instrumentos de financiamento destinados ao estabelecimento de redes a nível de recursos humanos e a nível institucional.

A implementação do programa “Horizonte Europa” será coordenada pela Direção-Geral de Investigação da Comissão Europeia – DG RTD, na sequência dos anteriores programas-quadros europeus de investigação e inovação. Mais detalhes em https://ec.europa.eu/info/horizon- europe_en.

No caso de Portugal, a coordenação e divulgação da estratégia de reforço da participação nacional no programa “Horizonte Europa, 2021-27” é feita através da Rede PERIN – “Portugal in Europe Research and Innovation Network”, que inclui as principais agências financiadoras e promotoras, designadamente a FCT, a ANI, a AICIB, a PT Space, a Agência ERASMUS e a DGES, em estreita articulação com os gabinetes de promoção dos programas europeus nas instituições académicas e de investigação, assim como em empresas, associações empresariais e centros de incubação de empresas e instituições de interface.

Portugal tem como objetivo duplicar a participação nacional no programa “Horizonte Europa, 2021-27” face à participação no programa “Horizonte 2020” (2014-2020), e atrair cerca de dois mil milhões de euros para atividades de investigação e inovação por base competitiva pelos setores público e privado, incluindo PME (comparativamente a cerca de mil e cem milhões de euros atraídos entre 2014 e 2020, através de apoios concedidos no âmbito do programa “H2020”, também em termos competitivos).