Ambiente

Esclarecimento APA sobre acumulação de macroalgas no litoral algarvio

Na zona costeira do Algarve assiste-se, de forma cíclica, a grandes acumulações de macroalgas na linha da maré, as quais se amontoam na zona de rebentação das ondas e são posteriormente espalhadas pelo areal. Constituindo, por vezes, uma fonte de apreensão para os utentes das zonas balneares, trata-se de um fenómeno natural que não põe em causa a qualidade da água balnear e é acompanhado pelas autoridades com competência na matéria.

Vários fatores concorrem para estas ocorrências, entre condições meteorológicas e oceanográficas favoráveis ao desenvolvimento e movimentação das massas de algas. Por exemplo, no barlavento algarvio as algas são típicas dos fundos rochosos (algas castanhas e vermelhas – Phaeophyta e Rhodophyta) e surgem na sequência de correntes propícias ou após vários dias com rajadas de vento constantes, o que impele a subida de águas profundas (mais frias e ricas em nutrientes, ou seja, propícias para o crescimento acelerado das algas) até à superfície. Tem-se verificado de facto, desde o início do mês de julho, que a temperatura da água em profundidade é mais fria que a média para esta época do ano, no Algarve.

Já no sotavento algarvio, as algas que se acumulam nas praias incluem-se usualmente no filo Chlorophyta, as algas-verdes, espécies que tendem a multiplicar-se na Ria Formosa quando as condições ideais de temperatura e luz se combinam com concentrações elevadas de nutrientes, e que, sendo exportadas pelas barras de maré, acabam por ser depositadas na linha de costa de acordo com o sentido das correntes.

De forma geral, e especialmente fora da época balnear, as massas de algas são trazidas e levadas de volta ao mar pelo movimento das marés, não fazendo sentido a sua remoção imediata das praias, já que não constituem fator de degradação ambiental e que concentram uma grande quantidade de organismos marinhos.

Nos casos em que a acumulação de algas foi excessiva e se seguem condições de corrente que facilitam o seu rápido soterramento no areal, criam-se condições para a sua decomposição no local. Este facto constitui um aporte de nutrientes no local, essencial por exemplo para o crescimento das plantas das dunas embrionárias, mas também um eventual foco de maus cheiros na praia e uma alteração no perfil de solo do areal, ambos indesejáveis em situação de utilização balnear. As ocorrências recentes nas praias de Vilamoura e de Vale Olival, correspondem a este tipo de ocorrência.

No entanto, e após identificação das espécies de macroalgas em questão, tendo em consideração tratar-se de um acontecimento repetido, habitual nestas praias, bem como os bons resultados das análises efetuadas à qualidade da água balnear, consideramos estarem reunidas condições de segurança para a saúde na utilização destas águas para o banho.

Assinala-se, ainda, que em algumas zonas balneares, como sejam as praias de Quarteira, Forte Novo, Armação de Pêra, Belharucas e Vale do Lobo, podem surgir sedimentos escuros e lodosos logo abaixo do nível das areias, não relacionados com a acumulação de massas de algas. Estes sedimentos correspondem a níveis geológicos relacionados com a existência histórica de sistemas estuarino-lagunares na zona, não constituindo qualquer risco para a saúde pública.